São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em alta e as bolsas europeias em queda. Depois de promover uma nova ordem no comércio mundial, tarifando fortemente as importações de seus parceiros comerciais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu como novo alvo o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.
Ontem, Trump chamou Powell de “grande perdedor” e sugeriu que poderia demiti-lo se fosse reeleito. Ele defendeu cortes imediatos nas taxas de juros, citando dados de inflação baixa em março, antes da entrada em vigor de novas tarifas comerciais. Em uma postagem no Truth Social, Trump afirmou que Powell “sempre foi ‘muito lento'” e criticou sua gestão. O dólar enfraqueceu após suas declarações, enquanto ações caíram e os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram.
Trump afirmou na semana passada que tem poder para demitir Powell, embora especialistas jurídicos discordem. Investidores veem a situação como mais preocupante do que em 2019-2020, pois Trump agora está mais disposto a desafiar normas institucionais, e o Senado tem menos defensores da independência do Fed. Além disso, as tarifas comerciais atuais são maiores do que no primeiro mandato, o que pode reacender a inflação e complicar as decisões do Fed.
Powell acredita que não pode ser demitido antes do fim de seu mandato (2026), e qualquer tentativa de remoção provavelmente levaria a uma batalha judicial histórica. O senador republicano John Kennedy declarou que o Fed deve ser independente e elogiou Powell por sua firmeza contra a inflação. Enquanto isso, o dólar continua em queda, refletindo a incerteza sobre as políticas econômicas dos EUA e o possível impacto de interferências políticas no Fed.
A ferramenta CME FedWatch, que monitora a probabilidade de ajustes nas taxas de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), aponta uma alta na possibilidade de manutenção de juros no atual patamar de 4,25% – 4,50%, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, demonstrou cautela a respeito da condução da política monetária.
A possibilidade de manutenção dos juros passou de 72,64% para 86,39%. Powell afirmou que o banco central dos EUA aguardaria mais dados sobre a direção da economia antes de alterar as taxas de juros. Em declarações ao Clube Econômico de Chicago, ele observou que o Fed está diante de uma situação potencialmente difícil, na qual a inflação é impulsionada por tarifas, enquanto o crescimento e, potencialmente, o emprego enfraquecem.
Na Ásia, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central do país) anunciou sua decisão de política monetária, na qual manteve os juros de um ano (LPR, ou loan prime rate) em 3,1% e a de cinco anos em 3,6%. “O impacto das tarifas é principalmente sobre as exportações. Dado o sólido crescimento econômico no primeiro trimestre, pode ser mais fácil introduzir medidas direcionadas às empresas exportadoras”, disse Xing Zhaopeng, estrategista sênior da China no ANZ.
Por aqui, na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 recuou de 5,65% para 5,57%. Para 2026, a expectativa para a inflação ficou estável, em 4,50%. A meta para a inflação no período é de 3%.
Sobre a taxa Selic, as previsões para 2025 e 2026 seguem estável em 15% e 12,50%, respectivamente. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão passou de 1,98% para 2% em 2025. A projeção para 2026 avançou de 1,61% para 1,70%. Sobre o dólar, a cotação para 2025 segue em R$ 5,90. Em 2026, a previsão para o dólar recuou de R$ 5,97 para R$ 5,96.
As projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI) indicam agravamento do quadro fiscal em 2026, com déficit primário de R$ 128 bilhões (0,95% do PIB). Segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), “O IFI acredita em cumprimento da meta de resultado primário zero, em 2025, considerando-se as deduções legais previstas e a margem de tolerância”.
Ainda assim, o déficit primário real projetado é de R$ 64,2 bilhões, ou seja, 0,51% do PIB. A Instituição identifica superestimação de receitas primárias líquidas de R$ 54,2 bilhões no orçamento de 2025, principalmente em receitas extraordinárias e condicionadas, em que a discrepância em relação ao orçamento chega a R$ 86,1 bilhões. Segundo o documento, o cumprimento da meta fiscal, em 2026, depende de esforço adicional de R$ 72,3 bilhões, utilizando o
limite inferior da tolerância da meta.
No setor corporativo, a Iguatemi informou que foi ratificado em Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária (AGOE) a destinação do resultado do exercício encerrado em 31/12/2024, incluindo a distribuição de R$ 200 milhões a título de dividendos.
A Petrobras divulgou nota informando que mais 13 trabalhadores ficaram feridos após o incêndio na Plataforma PCH-1 (Cherne 1), na Bacia de Campos, a cerca de 130 quilômetros da costa de Macaé, no Rio de Janeiro, na tarde de ontem (21). As informações são da Agência Brasil. Com isso, o número de feridos chega a 14. Mais cedo, a empresa havia informado que um prestador de serviço da companhia sofreu queimaduras leves e estava consciente. O funcionário caiu no mar durante o acidente.
O boletim do Programa Mensal da Operação (PMO) para a semana operativa entre os dias 19 e 25 de abril mostra estabilidade nas projeções de Energia Natural Afluente (ENA) em relação à última revisão. O índice permanece abaixo da média para o período e similar às primeiras indicações para abril em três regiões. Os percentuais esperados
para o final do mês são os seguintes: Norte, 82% da Média de Longo Termo (MLT), ante 79% divulgados previamente; Sudeste/Centro-Oeste, 78% da MLT (74%); Sul, 66% da MLT (56%); e Nordeste, 31% da MLT (27%).
A Eletrobras informou que a a Glass Lewis, uma das principais consultorias internacionais que orientam a participação de investidores e fundos em assembleias de acionistas, confirmou suas recomendações de voto para os sete nomes apresentados pela Eletrobras para a composição de seu Conselho de Administração. Os sete indicados ao Conselho serão votados na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da empresa, em 29 de abril de 2025. Em seu relatório, a Glass Lewis observou o já alto padrão de independência do Conselho, juntamente com a ausência de justificativa para apoiar a eleição dos quatro candidatos dissidentes indicados pelos acionistas.
A BB Seguridade emitiu R$ 1,311 bilhão em prêmios em fevereiro, queda de 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Os prêmios emitidos pelo mercado, por sua vez, excluindo os dados da companhia, avançaram 13,7% na mesma base de comparação, e totalizaram R$ 8,004 bilhões no período. Os dados apurados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) foram divulgados na última quinta-feira (17) pela seguradora, em seu informativo
mensal.
Emerson Lopes / Safras News
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