São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em instabilidade. O mercado continua a monitorar os possíveis reflexos das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ontem, os EUA enviaram cartas aos líderes da Tunísia, Bósnia e Herzegovina, Indonésia, Bangladesh, Camboja, Tailândia e Sérvia, notificando-os sobre as tarifas que terão que pagar a partir de 1º de agosto, caso não fechem um acordo com seu governo.
Atualmente, a tarifa-base está em 10%, mas, sem novos acordos, pode retornar para patamares entre 20% e 49%. Até o momento, os Estados Unidos assinaram um acordo com o Reino Unido e chegaram a entendimentos com China e Vietnã. O acordo atual com a China é temporário, com ambos os lados reduzindo tarifas até 12 de agosto. A União Europeia, maior parceira comercial dos EUA, atualmente enfrenta tarifas americanas de 25% sobre automóveis, 50% sobre aço e alumínio, e uma tarifa básica de 10% sobre outros produtos, com algumas exceções para setores como farmacêuticos e semicondutores.
Japão e Coreia do Sul anunciaram que pretendem negociar com os Estados Unidos para tentar suavizar o impacto das tarifas de 25%. Essa medida faz parte de uma escalada na guerra comercial iniciada por Trump, que enviou cartas a 14 países informando sobre tarifas que variam de 25%, para nações como Japão e Coreia do Sul, até 40% para Laos e Mianmar. Com o prazo adiado para agosto, os países asiáticos focam nas próximas três semanas para buscar condições mais favoráveis junto ao governo americano.
A China emitiu um alerta ao governo Trump, advertindo contra a reativação de tarifas sobre produtos chineses a partir do próximo mês e ameaçando retaliar países que firmarem acordos com os Estados Unidos para excluir a China de suas cadeias de suprimentos. O recado foi transmitido por meio de um editorial do jornal oficial People’s Daily, assinado sob o pseudônimo “Zhong Sheng”, usado para expressar a posição do governo chinês em política externa.
O mercado financeiro reagiu com cautela, enquanto investidores avaliam os desdobramentos dessa longa disputa comercial. Paralelamente, a União Europeia, maior parceira comercial dos EUA, também busca fechar um acordo antes de 1 de agosto, com foco em reequilíbrio e concessões para setores estratégicos, como aeronaves, equipamentos médicos e bebidas destiladas.
Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Researc, o ponto central, que volta a pressionar os mercados, é a percepção de que tarifas mais altas impactam negativamente a atividade econômica dos EUA. Isso pode desacelerar o crescimento e afetar a inflação devido ao aumento dos custos de bens importados, que não atingem apenas o consumidor final, mas toda a cadeia produtiva, e ao crescimento da demanda por produtos fabricados internamente, o que pode pressionar os preços domésticos, diante de uma oferta limitada. Diante disso, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tende a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária.
Por aqui, hoje saem os dados do Varejo referente a maio, que deve avançar 0,20% ante abril. Na comparação interanual, é projetada uma alta de 2,40%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro Safras. As previsões de cinco instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre -0,20% e 0,30%, com a média das projeções em +0,13%. Na comparação com o mesmo mês de 2024, as previsões de cinco “casas” consultadas variam entre -1,20% e 3,00% (média em 1,83%).
A semana ainda traz a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, na quinta-feira (10). O IPCA-15, divulgado no fim do mês passado, apresentou alta de 0,26% em junho, 0,10 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada em maio (0,36%). O IPCA-E, acumulado trimestral do IPCA-15, ficou em 1,05%, próximo à taxa de 1,04% registrada em igual período de 2024. Nos últimos doze meses, o IPCA-15 acumula alta de 5,27%, abaixo dos 5,40% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2024, o IPCA-15 foi de 0,39%.
No setor corporativo, a Klabin realizou a liquidação antecipada parcial de contrato de empréstimo sindicalizado, no valor de aproximadamente US$ 150 milhões, de um total de US$ 350 milhões, com vencimento original em 2028.
A Oi informou que protocolou, após a implementação de diversas das medidas de reestruturação previstas no plano de recuperação judicial atualmente em vigor da companhia e de suas subsidiárias, no âmbito dos procedimentos consolidados de Chapter 15 em curso, o encerramento dos processos de Chapter 15. Segundo o comunicado, a apresentação do pedido de extinção do reconhecimento e encerramento do Chapter 15 resulta de avaliação estratégica sobre a atual conveniência e adequação da manutenção do referido procedimento à luz do estágio
atual da recuperação judicial no Brasil e da evolução das medidas implementadas no âmbito do plano
A Petrobras anunciou uma parceria com a Globo no projeto comercial Cartola Feminino Petrobras, com lançamento programado para agosto.
A Hypera Pharma informou que foi celebrado novo acordo de acionistas que compõem o bloco de controle da companhia (Votorantim, em conjunto com João Alves de Queiroz Filho, Alvaro Stainfeld e Maiorem) para disciplinar o exercício de seus direitos políticos e patrimoniais. Pelo acordo, o Novo Bloco de Controle passa a deter 53% do capital social da companhia.
Durante participação no evento Conecta 2025, promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em Brasília, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, rebateu as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de novas tarifas sobre produtos brasileiros.
A TIM anunciou uma parceria com a usina Santa Terezinha, exportadora de açúcar VHP da região sul do Brasil, para levar conectividade a mais de 700 mil de hectares no Paraná, sendo 300 mil hectares de área produtiva. Os investimentos no projeto são de R$ 44 milhões.
Emerson Lopes / Safras News
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