São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. O mercado ainda digere as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, que afirmou ontem que poderá haver difíceis concessões ao tentar amortecer a economia dos Estados Unidos dos efeitos da guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Powell explicou que aumentos significativos de tarifas que elevem os preços ao consumidor podem enfraquecer a atividade econômica e colocar o banco central na posição desconfortável de ter que escolher entre focar em seu objetivo de promover baixa inflação ou de fomentar um mercado de trabalho saudável. “Caso isso ocorra, o Fed ponderará o quão distante a inflação está de sua meta de 2%, quão enfraquecido o mercado de trabalho se torna e quanto tempo pode levar para que essas duas variáveis melhorem ao definir como ajustar as taxas de juros”,
explicou Powell.
O presidente do Fed repetiu a declaração que as tarifas são altamente prováveis de gerar pelo menos um aumento temporário na inflação. Ele também reiterou seu posicionamento de que o banco central não precisa se precipitar para reduzir as taxas de juros, fazendo alusão a uma perspectiva econômica fluida, que tem sido bastante volátil devido aos anúncios imprevisíveis de política comercial.
Ontem, Trump criticou o Powell sobre a condução da política monetária do país em comparação com a do Banco Central Europeu (BCE), que deve cortar juros na reunião de hoje. “O BCE deve cortar as taxas de juros pela sétima vez, e mesmo assim, o “Sempre Atrasado” Jerome Powell do Fed, que está sempre atrasado e errado, divulgou um relatório que foi mais uma vez aquele desastre completo de sempre. Os preços do petróleo caíram, os alimentos (até os ovos) estão mais baratos, e os EUA estão enriquecendo com as tarifas. “O “Atrasado” deveria ter cortado os juros há muito tempo, como o BCE, mas pelo menos agora deveria cortar”, disse Trump.
Os principais índices do mercado de ações asiático fecharam o pregão desta quinta-feira em alta, descolando-se do forte recuo registrado na véspera por Wall Street. O movimento foi impulsionado por sinais de que a China estaria aberta a retomar negociações comerciais com os Estados Unidos, mesmo em meio à continuidade da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo. Em paralelo, o governo norte-americano também iniciou conversas com o Japão sobre a imposição de tarifas, ampliando a complexidade do cenário geopolítico no comércio internacional.
Segundo a Agência o Globo, o Japão não conseguiu avançar em sua tentativa de obter um alívio imediato das tarifas impostas pelos EUA, durante as reuniões de seu enviado a Washington. O ministro da Revitalização Econômica do Japão, Ryosei Akazawa, disse que o governo Trump deseja um acordo comercial dentro do congelamento atual de 90 dias dos chamados tributos recíprocos.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) define hoje a taxa de juros do bloco. A expectativa é um corte de 0,25 ponto percentual na sua principal taxa de juros, atualmente em 2,50%. A medida busca proteger a economia da zona do euro do impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e de uma conjuntura internacional cada vez mais volátil.
A decisão acompanha uma tendência global de flexibilização monetária, diante das incertezas trazidas pela agenda tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. Embora o republicano tenha suspendido parte das tarifas anunciadas no início de abril por um período de 90 dias, o BCE deverá agir de forma preventiva, segundo analistas, reduzindo a taxa de depósito para 2,25% e mantendo a retórica cautelosa.
Por aqui, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) alertou que autorizar a chamada pejotização de trabalhadores pode ter consequências nefastas sobre a arrecadação fiscal e o custeio da Previdência, e que afeta, sobretudo, trabalhadores mais qualificados, de maior salário, o que potencializa o impacto fiscal e previdenciário desse tipo de fraude contratual.
“Tal artifício aniquilaria o dever que vincula profissionais liberais qualificados ao pagamento de imposto de renda e desfalcaria o caixa da Previdência Social, afastando-se a incidência da contribuição social patronal”, frisou a PGFN, um dos braços da Advocacia-Geral da União (AGU).
O fenômeno da pejotização voltou a ganhar destaque no noticiário com a decisão do ministro Gilmar Mendes, que, na segunda-feira (14), decidiu suspender o andamento de todos os processos sobre o tema, em todos os tribunais do país. A pejotização ocorre quando uma empresa contrata um prestador de serviço como pessoa jurídica com o objetivo de mascarar uma relação trabalhista. Com isso, o trabalhador e o contratante evitam o pagamento de encargos trabalhistas.
No setor corporativo, os acionistas da Petrobras elegeram na tarde de ontem (16), em Assembleia Geral Extraordinária, um novo Conselho de Administração, com apenas uma mudança em relação ao conselho atual, e a manutenção de Pietro Mendes como presidente. Dos 11 membros do que fazem parte do conselho da estatal, a União tem seis cadeiras, ou seja, manteve o mesmo número de conselheiro. Além disso, os acionista aprovaram por maioria dos votos a destinação de R$ 9,1 bilhões em dividendos adicionais. Os dividendos serão equivalentes a R$ 0,70954522 por ação preferencial (PETR4) e ordinária (PETR3) em serão pagos em duas parcelas. A primeira, de R$
0,36769707, será creditada em 20 de maio e a segunda, de R$ 0,36769708, em 20 de junho.
Emerson Lopes / Safras News
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