São Paulo, 12 de junho de 2025 – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. As negociações entre China e Estados Unidos continuam no radar dos investidores. Ontem, autoridades dos dois países chegaram a um consenso após dois dias de conversas em Londres, mas disseram que buscarão a aprovação dos presidentes dos EUA e da China antes de implementar o acordo. Como parte do acordo, a China aprovaria a exportação de minerais de terras raras, enquanto os EUA retirariam restrições à venda de tecnologia avançada para a China.
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Apesar do avanço nas negociações, o Secretário de Comércio Howard Lutnick afirmou que as tarifas norte-americanas sobre as importações chinesas não serão alteradas por enquanto, ou seja, permanecem em 55%. Lutnick também adiantou que novos acordos comerciais com outros países devem começar a ser anunciados já na próxima semana, indicando uma ampliação da agenda econômica internacional do governo norte-americano.
O presidente Donald Trump afirmou mais cedo, em publicação na Truth Social, que o acordo com a China está concluído, sujeito à aprovação final minha e do presidente Xi. Segundo ele, no escopo do acordo, ímãs e quaisquer terras raras necessárias serão fornecidos antecipadamente pela China, e os EUA permitirão a entrada de estudantes chineses em faculdades e universidades norte-americanas.
Outro ponto de atenção foram os números do Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a maio, nos EUA, divulgados ontem. O CPI subiu 0,1% em maio na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais. O número veio abaixo da previsão do mercado. Em abril, o índice havia subido 0,2% em relação a março. Nos 12 meses até maio, o CPI subiu 2,4%, dentro da previsão do mercado.
Os dados ganharam destaque à medida que os mercados se preparam para a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), marcada para 18 de junho. As chances de um corte nos juros em setembro aumentaram após a divulgação dos dados, com os mercados precificando uma probabilidade de 57,2%, frente a 53,5% no dia anterior, segundo a ferramenta CME FedWatch.
Para James Knightley, economista chefe internacional nos EUA da ING, não há sinais de aumentos preventivos de preços devido às tarifas comerciais impostas recentemente, mas essa calmaria deve ser temporária. Setores vulneráveis, como vestuário e veículos novos, até registraram quedas de preço em maio. “A expectativa é que os impactos das tarifas comecem a aparecer em julho/agosto, seguindo o padrão observado em 2018, quando tarifas sobre lavadoras levaram três meses para afetar os preços”, afirmou.
Por aqui, hoje saem os números do Varejo referente a abril, que deve recuar 0,60% ante março. Na comparação interanual, é projetada uma alta de 3,50%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro Safras. As previsões de sete instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre -1% e 0,60%, com a média das projeções em -0,44%. Na comparação com o mesmo mês de 2024, as previsões de seis “casas” consultadas variam entre 1,90% e 5,70% (média em
3,70%).
O mercado também fica de olho no andamento do conjunto de medidas relacionadas ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que o governo federal enviará via decreto e Medida Provisória para o Congresso Nacional, voltado para recalibrar o imposto e aumentar a arrecadação. De acordo com o Ministério da Fazenda, as medidas foram acertadas entre o ministro Fernando Haddad, e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de lideranças das Casas Legislativas.
Entre as principais mudanças que a nova MP deve trazer estão a tributação de 5% sobre títulos até então isentos de Imposto de Renda, como LCI e LCA, o fim da alíquota reduzida da CSLL para fintechs (fixando a tributação em 15% e 20%), o aumento da taxação sobre apostas esportivas de 12% para 18%, e a meta de reduzir os gastos tributários em pelo menos 10%. Haddad também mencionou a possibilidade de discutir com as bancadas formas de reduzir os gastos primários, além de tratar da estrutura e funcionamento do mercado de apostas.
O governo anunciou, no final de maio, um bloqueio e um contingenciamento de cerca de R$ 30 bilhões para atingir a meta definida pela lei do arcabouço fiscal. Além disso, foi editado decreto com alta do IOF que previa arrecadar mais R$ 20 bilhões neste ano. A medida sofreu resistência do mercado financeiro e do Congresso Nacional, o que levou o governo a negociar uma MP alternativa ao decreto do IOF.
No setor corporativo, o Fleury informou que celebrou o Contrato de Compra e Venda para aquisição de 100% das quotas do Hemolab Laboratório de Patologia Clínica Ltda. O Hemolab atua nos serviços de exames de análises clínicas, patologia clínica e vacinação em 15 unidades de atendimento em nove municípios no Estado de Minas Gerais (Carandaí, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas, Itaverava, Jeceaba, Ouro Branco, Santana dos Montes e São Brás de Suaçuí). A receita atingiu R$ 31 milhões em 2024.
A JBS anunciou que adiou de 16 para 17 de junho a estreia de suas ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) para sexta-feira, após não conseguir concluir certos procedimentos operacionais antes do prazo inicialmente previsto. O início da negociação das ações da processadora de alimentos nos Estados Unidos era esperado para quinta-feira, mas sofreu atraso em razão da impossibilidade de conclusão de determinados procedimentos operacionais necessários que estavam previstos para ocorrer na presente data, que envolvem uma série de diferentes prestadores de serviços, no Brasil e no exterior.
A Rumo informa que o Conselho de Administração aprovou a distribuição de dividendos com base na reserva de lucros, no montante de R$ 1,5 bilhão, correspondentes a R$ 0,81043951736 por ação ordinária de emissão da Companhia. Terão direito aos dividendos os acionistas titulares de ações ordinárias na data-base de 16 de junho de 2025, sendo que, a partir de 17 de junho de 2025 as ações da Companhia serão negociadas ex-dividendos. O pagamento será realizado em 25 de junho de 2025, sem atualização monetária ou incidência de juros entre a data da aprovação e a data do efetivo crédito.
As exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 16,7 bilhões no acumulado entre janeiro e maio deste ano, segundo dados da edição especial de maio do Monitor do Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil). O resultado representa um crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2024 e estabelece um recorde para o período, reforçando o papel estratégico dos EUA como principal destino de bens industrializados brasileiros.
Emerson Lopes / Safras News
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