São Paulo, SP – Os índices futuros americano abriram em alta e as bolsas europeias em queda. O mercado mantém o foco nos possíveis desdobramentos das tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto. O setor produtivo brasileiro espera com grande apreensão por uma sinalização de Washington para uma negociação para evitar a tarifa neste patamar ou pelo menos adiar o início da cobrança.
Hoje pela manhã. em entrevista à rádio CBN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o Brasil não vai sair da mesa de negociação, e que o país não deu nenhuma razão para sofrer este tipo de sanção dos EUA. “Trabalhamos intensamente para ter respostas dos EUA às proposições do Brasil. Não podemos desconsiderar chegar a 1° de agosto sem resposta nenhuma”, avaliou Haddad.
O ministro enfatizou que o governo tem planos de contingência para qualquer decisão que venha ser tomada por Lula, pois é uma situação emergencial que não se imaginava há 15 dias. “Desde o anúncio das tarifas, estamos com um grupo de trabalho para apresentar alternativas em relação à reciprocidade. Pode ser que tenhamos que recorrer a instrumentos de apoio a setores que estão sendo injustamente afetados”, apontou Haddad.
Na semana passada, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, disse que as reuniões com CEO Fórum (grandes empresas brasileiras que têm investimentos nos Estados Unidos), a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), com o setor pneumático e com o embaixador Guilherme Patriota (representante do Brasil na Organização Mundial do Comércio) resultaram em um conjunto de tratativas e foram positivas. O vice também disse que ainda não há nenhuma resposta do governo dos EUA ao pedido do governo brasileiro para negociar e confirmou pronunciamento à nação do presidente Luís Inácio Lula da Silva sobre a imposição de tarifa de 50% pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros a partir de 1 de agosto.
Ainda no Brasil, o mercado aguarda a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho, que acontecerá na sexta-feira (25). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de junho apresentou variação de 0,24%, 0,02 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,26% registrada em maio. No ano, o IPCA acumula alta de 2,99% e, nos últimos doze meses, o índice ficou em 5,35%, acima dos 5,32% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2024, a variação havia sido de 0,21%.
Nos EUA, os investidores ficam atento à temporada de balanços com os resultados do segundo trimestre. Nesta semana saem os números da LVMH, Equinor, Anglo American, Roche, Nestlé, TotalEnergies, Volkswagen, Verizon, Lockheed Martin, Coca-Cola, General Motors, Alphabet, Tesla, GE Vernova, AT&T, IBM, Intel e DOW. Além disso, também ficará no radar do mercado o discurso do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, amanhã (22).
Na semana passada, o presidente Trump dobrou a aposta sobre o Fed e Jerome Powell, a quem Trump chama de ‘tarde demais’. Para o presidente dos EUA a decisão do Fed de não recuar com os juros tem sufocado o mercado imobiliário, tornando difícil para as pessoas, especialmente os jovens, comprarem uma casa. Trump chegou a ameaçar demitir Powell, mas depois voltou atrás, sem descartar que tal possibilidade. Apesar da pressão sobre Powell, os principais índices do mercado de ações dos EUA têm se mostrado resilientes, à medida que Wall Street analisa uma nova onda de resultados corporativos.
Para o presidente do Fed Chicago, Austan Goolsbee, os juros do banco poderão ser reduzidos a partir do ano que vem. Em entrevista ao podcast diário do Daily Wire, Goolsbee afirmou estar “um pouco cauteloso” diante dos sinais de que as tarifas têm elevado a inflação de bens, de acordo com o índice de preços ao consumidor de junho. Apesar dessa preocupação, o dirigente avaliou que o quadro econômico geral segue positivo.
Segundo Goolsbee, as mudanças recentes nas políticas econômicas têm gerado incertezas, mas não o suficiente para afastar o Fed do objetivo de trazer a inflação de volta à meta de 2%. “Ainda vejo cenário para eventuais cortes de juros daqui a cerca de um ano, caso as tendências atuais se mantenham”, declarou o presidente do Fed regional.
Hoje pela manhã também foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 passou de em 5,17% para 5,10%. Para 2026, a expectativa para a inflação recuou de 4,50% para 4,45%. A meta para a inflação no período é de 3%.
Sobre a taxa Selic, a previsões para 2025 e 2026 seguem em 15% e 12,50%, respectivamente. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão para 2025 ficou estável em 2,23%, e para o ano que vem caiu de 1,89% para 1,88%. Sobre o dólar, as cotações para 2025 e 2026 seguem em R$ 5,65 e R$ 5,70.
Emerson Lopes / Safras News
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