São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam dominando as discussões entre os analistas. Os mercados permanecem voláteis, pois muitos investidores temem que as tarifas possam paralisar a economia e elevar os preços. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de março será divulgado nesta quinta-feira (10) e pode mostrar algum impacto das tarifas iniciais, escrevem economistas do BNP Paribas. Um consenso em uma pesquisa do WSJ prevê um CPI de 12 meses em 2,5%, desacelerando em relação aos 2,8% de fevereiro. A previsão do BNPP
é de 2,6%.
Ontem, em sua rede social Truth Social, Trump ameaçou a China de taxar os produtos do país em mais 50% caso os chineses não retirem a taxa adicional de 34% que o governo de Pequim impôs a produtos norte-americanos. “Se a China não revogar esse aumento adicional de 34% sobre seus abusos comerciais históricos até amanhã (hoje), os Estados Unidos imporão tarifas adicionais de 50% sobre produtos chineses, com efeitos a partir de 9 de abril. Além disso, todas as conversas com a China sobre os encontros solicitados por eles serão imediatamente encerradas! As negociações com outros países, que igualmente solicitaram reuniões, terão início sem demora”, disse na postagem
na rede social.
A China se recusou a ceder ao que chamou de “chantagem” dos Estados Unidos, enquanto a guerra comercial global desencadeada pelos altos impostos do presidente Donald Trump continuava sem trégua. Pequim reagiu após Trump ameaçar aumentar as tarifas sobre importações chinesas para mais de 100%, em resposta às medidas retaliatórias da China. O Ministério do Comércio chinês afirmou que a escalada norte-americana é um “erro sobre outro erro” e prometeu resistir até o final. Enquanto isso, fabricantes chineses enfrentam quedas nos lucros e buscam alternativas, como abertura de fábricas no exterior
A incerteza sobre os reais objetivos de Trump – se as tarifas são permanentes ou apenas táticas de pressão – continua a gerar instabilidade. Grandes nomes do mercado financeiro, como Jamie Dimon, da JPMorgan, alertam para os riscos de uma recessão global, enquanto empresários como Elon Musk pedem a eliminação total das barreiras comerciais. Apesar das críticas, o governo americano mantém sua postura, com assessores de Trump descartando preocupações e reforçando a estratégia protecionista.
Ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que as empresas estão preocupadas com os impactos das tarifas impostas pelo governo Trump, destacando que o banco central precisará analisar dados concretos antes de agir. Em entrevista à CNN, ele alertou que, se as tarifas forem implementadas em larga escala e houver retaliações generalizadas, os EUA poderiam reviver a inflação descontrolada vista em 2021 e 2022. No entanto, reconheceu que negociações comerciais ainda podem evitar uma escalada extrema, citando a promessa do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de uma “era de ouro do comércio”.
Segundo Marieke Blom, economista-chefe do ING, países asiáticos com forte dependência das exportações para os EUA devem ser duramente atingidos. Estimativas indicam que nações como Vietnã, Tailândia, Japão e Coreia do Sul poderão sofrer impactos de até 5,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), dada a intensidade das barreiras comerciais e o peso das exportações para o mercado norte-americano. Cálculos da Eurasia Group, considerando todos os anúncios já feitos por Trump, apontam que a tarifa média americana chegará a 22%. Cálculos do The Budget Lab da
Universidade de Yale mostram que, considerando o conjunto de aumento de tarifas observado ao longo de 2025, o nível de preços nos EUA subirá 2,3%, e haverá uma perda de 0,9 p.p. do PIB americano.
Por aqui, na manhã de hoje o Banco Central divulgou o resultado primário do setor público consolidado, que ficou deficitário em R$ 19 bilhões em fevereiro, ante déficit de R$ 48,7 bilhões no mesmo mês de 2024. O Governo Central registrou déficit de R$ 28,5 bilhões, e os governos regionais e as empresas estatais, superávits respectivos de R$ 9,2 bilhões e de R$ 299 milhões. Em doze meses, o setor público consolidado acumula déficit de R$ 15,9 bilhões,
equivalente a 0,13% do PIB e 0,25 p.p. do PIB inferior ao déficit acumulado até janeiro.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$97,2 bilhões em fevereiro. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$939,8 bilhões (7,91% do PIB), ante déficit nominal de R$ 956,5 bilhões (8,10% do PIB) em janeiro de 2025.
Ainda no Brasil, a semana também trará o dados do Indice de Atividade Econômica (IBC-Br), do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na sexta-feira (11), e os números das vendas do Varejo referente a fevereiro. Em janeiro, as vendas do comércio varejista restrito, que excluem veículos e material de construção, recuaram 0,10% ante dezembro. Na comparação com janeiro de 2024, as vendas no varejo subiram 3,1%.
No setor corporativo, a Gol informou que foi aprovado pelo Tribunal a celebração de uma série de acordos com a The Boeing Company, que proporcionam benefícios significativos para a companhia. Aliado à Transação Tributária previamente divulgada e de acordo com o plano de reestruturação previsto no Processo do Chapter 11, os acordos e a transação tributária permitirão um aumento para um mínimo de US$ 235 milhões (qualquer aumento adicional depende de negociações com outros credores) na distribuição de capital aos credores quirografários gerais.
A Klabin informou que realizou a liquidação antecipada parcial de contrato de empréstimo sindicalizado, com vencimento original em 2028, no valor de aproximadamente US$ 340 milhões.
A Minerva informou que seu Conselho de Administração aprovou proposta de aumento do capital social da companhia, com atribuição de bônus de subscrição como vantagem adicional aos subscritores das ações objeto do Aumento de Capital (Bônus de Subscrição) (Aumento de Capital). Nos termos propostos pela administração, o aumento de capital terá o montante de até R$ 2 bilhões, com a subscrição particular de até 386.847.196 novas ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, pelo preço de emissão de R$ 5,17 por ação.
A PetroReconcavo informou os dados de produção e entrega referentes ao mês de março de 2025. A produção média do mês de março foi de 27,7 mil boe/dia, crescimento de 1,6% em relação a fevereiro de 2025, refletindo gradativamente resultados do programa de perfurações. No 1T25, a companhia executou 42 projetos de workover, aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A Santos Brasil informou que Standard & Poors – S&P Global Ratings (S&P) reafirmou o rating brAAA, nível mais alto da Escala Nacional Brasil, com perspectiva estável, atribuído à companhia e às suas emissões de dívidas (4 e 5 emissões de Debêntures da Santos Brasil Participações e 1 emissão do Tecon Vila do Conde). De acordo com o relatório da S&P, a aquisição do controle da Santos Brasil pelo grupo CMA CGM trará benefícios à companhia, com sua inclusão em uma plataforma global de logística e transporte marítimo de carga, além da troca de expertise, já que a CMA CGM tem mais de 60 terminais de contêineres no mundo.
Emerson Lopes / Safras News
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