São Paulo, 11 de abril de 2025 – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em
queda. A semana termina com o mercado convicto de que as tarifas impostas pelo presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, aos seus parceiros comerciais têm potencial para reverter a lógica
do comércio global e instalar, ainda não se sabe por quanto tempo, a era da imprevisibilidade. Nas
últimas semanas, Trump utilizou a tática bate e assopra com suas tarifas recíprocas. O último
capítulo deste imbróglio foi o adiamento por 90 dias da implementação das tarifas para 75
países que entraram em contato com os EUA para negociações. Já com relação à China, a
ofensiva continuou, chegando ao índice de 145% sobre os produtos chineses. Esse montante é
composto pela nova tarifa de 125% sobre os produtos, além da taxa de 20% aplicada em resposta à
crise do fentanil.
Hoje, a China confirmou o aumentou das tarifas sobre produtos dos Estados Unidos para 125%, ante os
84% anteriores, em meio à intensificação da guerra comercial entre as duas maiores economias do
mundo. Além disso, Pequim afirmou que não considerará mais quaisquer novos aumentos tarifários
impostos pelos EUA sobre produtos chineses. Segundo a Comissão de Tarifas Aduaneiras do Conselho de
Estado, os bens exportados pelos EUA para a China deixaram de ser comercialmente viáveis.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ao primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que China
e União Europeia devem se unir para defender a globalização e combater “atos unilaterais de
intimidação”, em uma crítica indireta às políticas tarifárias do presidente dos EUA, Donald
Trump. Xi destacou que não há vencedores em uma guerra comercial e ressaltou o papel fundamental
da UE na estabilidade econômica global. Sánchez, por sua vez, defendeu um diálogo entre China e
EUA para amenizar as tensões e pediu uma relação mais equilibrada entre Pequim e o bloco europeu.
Na quarta-feira, o Parlamento Europeu aprovou um primeiro pacote de contramedidas às tarifas sobre
aço e alumínio impostas pelos EUA em março. No entanto, diante do recuo temporário de
Washington, o bloco europeu decidiu suspender suas próprias tarifas retaliatórias por um período
também de 90 dias.
“A guerra comercial do presidente Trump gerou riscos materiais de queda para a economia global.
Nossas projeções partem do pressuposto de que as tarifas sobre a maioria dos países, exceto a
China, permanecerão em 10% e que as retaliações de outros governos serão moderadas. Nesse
cenário, o PIB global seria cerca de 0,4% menor em dois anos em comparação com uma linha de base
sem tarifas. No entanto, se acordos não forem alcançados, as pausas expirarem e os EUA voltarem
parcialmente às tarifas do ‘Dia da Libertação’, mantendo tarifas de aproximadamente 145% sobre a
China, o impacto no PIB global se aproximaria de 1%. Isso seria aproximadamente equivalente aos
danos globais provocados pela crise da zona do euro”, diz Simon MacAdam, economista-chefe global
adjunto da Capital Economics.
Por aqui, hoje foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,56% em março ante fevereiro, após registrar 1,31% no mês anterior. Esta é a maior alta para um mês de fevereiro desde 2003 (0,71%). Os dados são do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (11) pelo IBGE.
O resultado ficou um pouco minimamente acima das expectativas do mercado financeiro, de +0,54%,
conforme o Termômetro Safras. Nos últimos doze meses, até março, a taxa ficou em 5,48%, acima dos 5,06% dos 12 meses imediatamente anteriores, praticamente em linha com as estimativas de +5,45%, ainda segundo o
Termômetro Safras.
Hoje também foi divulgado o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que subiu 0,44% em fevereiro em relação a janeiro, indo a 108,79 pontos. Nos dados sem ajuste sazonal, o IBC-Br atingiu 106,61 pontos, ganho de 4,10% na comparação com o mesmo mês de 2024.
No setor corporativo, o Conselho de Administração do Banco Santander aprovou a proposta da Diretoria Executiva de distribuição de Juros sobre o Capital Próprio da Companhia no montante bruto de R$ 1,5 bilhão.
A Cyrela divulgou ontem a prévia operacional do primeiro trimestre de 2025 (1T25), com vendas
líquidas contratadas de R$ 3,029 bilhões, alta de 41% em relação ao mesmo período de 2024
(1T24), e queda de 38% em comparação ao último trimestre de 2024. A participação da companhia
nas vendas contratadas foi de 78% no 1T25, inferior aos 79% do mesmo trimestre do ano anterior e
acima do 4T24 (74%). As vendas líquidas do trimestre serão 81% reconhecidas via consolidação e
19% via método de equivalência patrimonial
A Neoenergia divulgou a prévia do seu desempenho operacional no primeiro trimestre de 2025, com
geração total de energia de 3.849 GWh, alta de 22,7% em relação ao mesmo período do ano
passado, com destaque para o crescimento de 25,2% e 26,3%, respectivamente, da geração hídrica
(2.801 GWh) e eólica (979 GWH).
Emerson Lopes / Safras News
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