São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em instabilidade e as bolsas europeias em queda. A temporada de retaliação contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está aberta. Hoje começa a valer as tarifas de 104% sobre os produtos chineses. O governo chinês prometeu não ceder ao que chamou de “intimidação, e que continuará adotando medidas firmes para proteger seus direitos e interesses legítimos. O país asiático anunciou hoje pela manhã que aumentará as tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos de 34% para 84%, com vigência a partir desta quinta-feira (10).
O governo chinês enfatizou, em seu mais recente Livro Branco, que deseja resolver as tensões comerciais com os EUA por meio do diálogo e da cooperação. O documento reconhece que as divergências entre as duas potências são naturais, mas critica as tarifas americanas, argumentando que elas acabam prejudicando a própria indústria dos EUA. A China alerta que as tarifas podem causar disrupções na cadeia produtiva e aumentar o risco de desindustrialização.
Os principais índices do mercado de ações asiático fecharam o pregão desta quarta-feira em campo misto. Em Tóquio, o índice Nikkei desabou 3,93%, aos 31.714,03 pontos, refletindo o temor de que as tarifas possam prejudicar ainda mais as exportações japonesas. Já o sul-coreano Kospi recuou 1,74%, para 2.293,70 pontos, entrando oficialmente em “bear market” após acumular perdas superiores a 20% desde seu pico em julho do ano passado.
“A menos que sejam revertidos, os mais recentes aumentos tarifários dos EUA significam que as exportações da China para os Estados Unidos serão reduzidas em mais da metade nos próximos anos, mesmo considerando um enfraquecimento do renminbi para 8,00 por dólar. Isso deve reduzir o PIB da China entre 1,0% e 1,5%, dependendo do grau de redirecionamento do comércio. Trata-se de um impacto maior do que o estimado anteriormente, mas que provavelmente será compensado por uma nova expansão do apoio fiscal”, diz Julian Evans-Pritchard, head de economia para a China da Capital Economics.
A União Europeia deve aprovar suas primeiras contramedidas, incluindo taxas de 25% sobre produtos como motocicletas, roupas e alimentos dos EUA, nos próximos dias. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta semana que a União Europeia propôs a Washington um acordo de “tarifas zero por zero” sobre bens industriais, como forma de evitar uma escalada. Trump, no entanto, rejeitou a proposta.
Ontem, os principais índices do mercado de ações europeu fecharam o pregão em alta, revertendo parte das perdas acumuladas nos últimos quatro dias. A recuperação reflete um movimento técnico de compras em meio à queda, alimentado por uma leve melhora no sentimento global após especulações sobre eventuais negociações entre Estados Unidos e China.
O Ministério das Finanças do Canadá confirmou hoje que as tarifas de 25% sobre alguns veículos fabricados nos EUA entrarão em vigor a partir de hoje. As tarifas canadenses permanecerão vigentes até que os Estados Unidos eliminem suas próprias tarifas contra o setor automotivo do Canadá, segundo comunicado oficial.
O mercado também fica de olho na divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que será divulgada hoje. Na ocasião, o Fomc manteve as taxas de juros no atual patamar de 4,25% e 4,5%, decisão amplamente esperada pelo mercado. No comunicado após a decisão, o Comitê disse que o a economia norte-americana continua se expandindo em um ritmo sólido, e a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo. A partir de abril, o Comitê reduzirá o ritmo de declínio de suas carteiras de títulos, de US$ 25 bilhões para US$ 5 bilhões. “O Comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”.
Segundo Marieke Blom, economista-chefe do ING, países asiáticos com forte dependência das exportações para os EUA devem ser duramente atingidos. Estimativas indicam que nações como Vietnã, Tailândia, Japão e Coreia do Sul poderão sofrer impactos de até 5,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), dada a intensidade das barreiras comerciais e o peso das exportações para o mercado norte-americano. Cálculos da Eurasia Group, considerando todos os anúncios já feitos por Trump, apontam que a tarifa média americana chegará a 22%. Cálculos do The Budget Lab da
Universidade de Yale mostram que, considerando o conjunto de aumento de tarifas observado ao longo de 2025, o nível de preços nos EUA subirá 2,3%, e haverá uma perda de 0,9 p.p. do PIB americano.
Por aqui, hoje saem os números do Varejo de fevereiro, que deve subir 0,40% ante janeiro. Na comparação interanual, a alta projetada é de 1,30%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro Safras. As previsões de oito instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre -0,70% e 0,80%, com a média das projeções em 0,25%. Na comparação com o mesmo mês de 2024, as previsões de sete “casas” consultadas variam entre -0,40% e 1,90% (média em 1,24%). Em janeiro, as vendas do comércio varejista restrito, que excluem veículos e material de construção, recuaram 0,10% ante dezembro. Na comparação com janeiro de 2024, as vendas no varejo subiram 3,1%.
No setor corporativo, a Moodys Ratings (Moodys) rebaixou hoje a classificação corporativa (Corporate Family Rating – CFR) da Braskem S.A. (“Braskem”) de Ba2 para Ba3, bem como a nota dos títulos globais seniores não garantidos da Braskem America Finance Company, totalmente garantidos pela Braskem S.A. A perspectiva para ambas as empresas foi alterada de negativa para estável. O rebaixamento para Ba3 reflete a persistente fragilidade nos indicadores de crédito e geração de caixa da Braskem, causadas pelo ciclo de baixa na petroquímica e pelas operações
ainda fracas no México
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) decidiu hoje (8), durante Reunião Pública Ordinária, aprovar a alteração dos submódulos 4.4, 4.4A e 5.2 dos Procedimentos de Regulação Tarifária PRORET para contemplar a regulação associada à quitação antecipada das Contas Covid e Escassez Hídrica, nos termos da Portaria Interministerial MME/MF nº 1/2024. O assunto foi discutido no âmbito da Consulta Pública Nº 29/2024.
Emerson Lopes / Safras News
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