São Paulo, 5 de agosto de 2024 – Pelo menos dois dos nove membros do conselho do Banco do Japão (BoJ) defenderam um aumento antecipado da taxa de juros em uma reunião de política monetária em junho, conforme mostra a ata divulgada hoje. Isso ressalta a inclinação mais rígida do banco central, abrindo espaço para futuros aumentos. “Os membros concordaram que as recentes quedas do iene foram um dos fatores que impulsionaram a inflação e merecem atenção na orientação da política monetária”, mostram as atas.
As discussões evidenciam que as movimentações do iene e as preocupações com um possível excesso de inflação foram fatores chave discutidos na reunião de junho do BoJ, levando à decisão em julho de aumentar as taxas de juros a níveis não vistos em 15 anos. Com a moeda japonesa revertendo drasticamente para atingir um pico de sete meses na segunda-feira, os mercados estão focados no discurso do vice-governador do BoJ, Shinichi Uchida, na quarta-feira, em busca de pistas sobre o ritmo dos futuros aumentos das taxas.
O aumento recente do iene foi impulsionado por dados fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que aumentaram as preocupações com uma recessão. “Dado que os recentes aumentos do iene estão reduzindo o risco de um excesso de inflação, esperamos que o BoJ aumente as taxas a cada seis meses”, em vez de com maior frequência, disse Yoshimasa Maruyama, economista-chefe de mercado da SMBC Nikko Securities. Embora o BoJ tenha mantido as taxas de juros estáveis na reunião de junho, alguns membros do conselho alertaram que o aumento dos custos de importação devido ao iene fraco estava prejudicando o sentimento do consumidor e aumentando o risco de um excesso de inflação.
Um membro disse que o BoJ deve considerar “ajustar o grau de flexibilização monetária” para prevenir futuros riscos de excesso de inflação, dado que as empresas estão renovando esforços para repassar os custos crescentes aos consumidores. “Outro membro disse que o BoJ deve continuar a monitorar de perto os dados relevantes em preparação para a próxima reunião em julho e, se considerado apropriado, aumentar as taxas de juros sem demora”, de acordo com as atas. O iene, que estava em torno de 157 por dólar na época da reunião de junho, atingiu um nível mínimo de 38 anos abaixo de 161 em julho, movimento que provavelmente afetou a decisão do BoJ de aumentar as taxas de curto prazo para 0,25% em 30-31 de julho.
Após o aumento da taxa em julho, o governador do BoJ, Kazuo Ueda, não descartou outro aumento este ano e enfatizou a prontidão para continuar elevando os custos de empréstimos a níveis considerados neutros para a economia – vistos por analistas como entre 1% e 1,5%. A perspectiva para o consumo privado provavelmente será o fator decisivo para o próximo aumento de taxa, segundo alguns analistas, com os custos de vida em alta prejudicando o sentimento das famílias. “Alguns membros disseram que é necessário prestar muita atenção a quanto o consumo seria impulsionado por melhorias na renda” decorrentes de aumentos salariais, conforme mostram as atas de junho. Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do Japão, previstos para 15 de agosto, provavelmente mostrarão uma recuperação do consumo após quatro trimestres de quedas, segundo uma pesquisa da agência Reuters.
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Vanessa Zampronho / Safras News
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