O mercado do feijão carioca encerra a semana em forte desaceleração, marcado por liquidez mínima, preços nominais e ausência quase total de compradores relevantes. A aproximação do recesso de fim de ano intensificou o ritmo lento observado nas últimas semanas, levando a Bolsa a operar sem referência efetiva e concentrando negócios apenas em condições pontuais no pós-pregão.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o ambiente segue travado principalmente pela falta de compradores ativos e pela dificuldade de convergência entre pedidas e capacidade de absorção do atacado.
No segmento comercial, persiste o impasse entre produtores e compradores. A demanda existe, com maior intensidade em Goiás e Minas Gerais, porém não há convergência entre as pedidas de R$ 200 a R$ 210 por saca porta e a capacidade do atacado de absorver esse preço após custos logísticos e operacionais. A consequência é a interrupção das tratativas e a ausência de um padrão consistente de mercado.
O feijão carioca extra permanece como a única categoria com disponibilidade física na Bolsa, mas o escoamento segue lento. Lotes isolados têm saído entre R$ 255 por saca (nota 9,5) e R$ 235 por saca (nota 8,5), reforçando a seletividade crescente dos compradores.
“A dependência da oferta do Sudoeste paulista e a expectativa pela entrada das colheitas de Minas Gerais e Paraná, a partir de janeiro, seguem determinando o curto prazo. A estabilidade regional nos preços de melhor nota confirma o ambiente de inoperância e seletividade”, afirma Oliveira.
Excesso de estoques e avanço da safra ampliam pressão e travam reação no preto
O mercado do feijão preto permanece travado e caracterizado por demanda cronicamente fraca, impedindo a formação de preços reais e mantendo negociações quase inexistentes. O varejo ainda enfrenta baixa rotatividade, dificuldade de desova de estoques e incapacidade de repassar valores, o que reduz drasticamente o apetite da indústria e do atacado.
Para o analista, a desaceleração típica do final do ano reforça a postura defensiva dos agentes, enquanto a proximidade da colheita do Sul, especialmente a partir de janeiro, adiciona pressão adicional sobre os preços já deprimidos.
No Rio Grande do Sul, o cenário climático agrava o quadro: estresse hídrico, ondas de calor e abortamento de flores comprometem o pegamento das vagens e geram perdas de produtividade. O plantio avança de forma irregular, com apenas 60% da área semeada e forte heterogeneidade nas fases de desenvolvimento.
As referências de preços permanecem essencialmente nominais. O FOB Paraná gira em torno de R$ 132 por saca, sem negócios concretos, enquanto no Rio Grande do Sul as indicações seguem entre R$ 115 e R$ 125 por saca, com grãos comerciais inferiores negociados abaixo de R$ 100 por saca.
“O corte expressivo de área segue como único vetor de suporte estrutural, limitando quedas mais profundas, mas sem força para reverter o viés baixista no curto prazo”, conclui Oliveira.
Luciana Abdur – luciana.abdur@safras.com.br (Safras News)
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