Produtores devem ter dificuldades em 2024, com custos dos suínos provavelmente elevados

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Porto Alegre, 5 de janeiro de 2024 – As perspectivas para o mercado de carne suína em 2024 indicam que a produção nacional deve se adequar, em um ano desafiador para o setor. Após um mês de dezembro positivo para o consumo, o analista de SAFRAS & Mercado, Allan Maia, diz que o mercado deve registrar uma desaceleração. “A grande questão é que findados os efeitos sazonais, a demanda doméstica na ponta final e a reposição entre atacado e varejo tendem a perder força”, ressalta.

O analista ainda explica que a retração do consumo é normal no primeiro quadrimestre do ano, considerando temperaturas elevadas e famílias contando com despesas extras, como o pagamento de impostos. “Os preços das proteínas concorrentes devem ser acompanhados de perto, podendo ajudar na questão relacionada a atratividade. O frango vem apresentando preços mais ajustados por conta da desaceleração do alojamento”, pontua.

“Deste modo, os preços ao longo da cadeia suinícola devem encontrar dificuldade para sustentação nos primeiros meses de 2024, uma vez que a produção de carne suína seguirá avançando”, destaca Maia. “Em paralelo, o custo da nutrição animal deve ficar firme no país, fator que impacta diretamente a rentabilidade. O milho já vem ensaiando altas, com especulações em torno da evolução da próxima safra. A oferta de milho de verão tende a ser curta e estimular preços. Por outro lado, a safra de soja será grande, mesmo com riscos climáticos. Deve-se considerar ainda que a Argentina deve contar com uma boa produção, bastante acima da registrada esse ano”, complementa.

Além disso, Maia comenta que outro ponto de destaque é a exportação da carne suína brasileira, especialmente em relação ao preço da tonelada, que não foi positivo em 2023. Segundo ele, o Brasil deve continuar exportando cerca de 100 mil toneladas mensais ao longo do primeiro semestre de 2024, o que ajudará a enxugar um pouco a oferta doméstica no período de maior desafio do setor.

Por outro lado, o analista pontua que o preço da tonelada não deve encontrar espaço para altas contundentes, uma vez que o maior importador brasileiro, a China, está enfrentando severa crise devido ao quadro de excedente de oferta. “Os prejuízos do setor na China são crescentes e muitos produtores estão acelerando vendas de animais, empurrando os preços para baixo”, disse. Ademais, Maia ressalta que a demanda na China está sendo impactada pela desaceleração econômica, reduzindo a confiança da população. Os chineses devem atuar com ímpeto reduzido nas importações e barganhar preços nos primeiros meses de 2024.

A expectativa de SAFRAS & Mercado para o primeiro semestre de 2024 é que a exportação brasileira no período atinja 608,1 mil toneladas, avanço de 5,2% em relação às 578,2 mil toneladas registradas entre janeiro e junho de 2023. Países como Filipinas, Vietnã, Chile e Cingapura devem continuar comprando bons volumes do Brasil. A China, apesar da desaceleração nas compras, ainda deverá ser o principal destino da carne suína brasileira.

Com a tendência de piora das margens da atividade, suinocultores podem voltar a estratégia de redução do peso médio dos animais. Para o primeiro semestre de 2024, a produção brasileira foi estimada em 2,653 milhões de toneladas, sendo 2,4% maior às 2,591 milhões de toneladas registradas em igual período do ano anterior. Dado os números de exportação e produção, a disponibilidade interna brasileira deve crescer 1,6% no primeiro semestre deste ano, atingindo 2,045 milhões de toneladas.

Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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