Porto Alegre, 23 de dezembro de 2021 – A safra 2021/22 de cana da região Centro-Sul (responsável por cerca de 90 por cento da produção nacional da gramínea) deve terminar com uma moagem de 525 milhões de toneladas, uma queda de 13,3 por cento em relação a 2020/21, quando foram colhidas e processadas 605,4 milhões de toneladas, conforme dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA). Se confirmado, o volume de moagem da safra 2021/22 será o menor desde 2011/12, quando a região moeu 492 milhões de toneladas de cana de açúcar.
Intempéries climáticas, como a estiagem histórica que se prolongou por meses a fio, e ainda as três geadas registradas no início de julho explicam a queda nos números de produção de cana. A queda mais expressiva de moagem de cana foi registrada no estado do Mato Grosso do Sul, com 21 por cento, seguido por São Paulo (menos 15,6 por cento).
Em balanço da temporada, a UNICA destacou que a seca, as geadas, e ainda as queimadas tiveram diferentes efeitos em cada estado produtor de cana. Nos meses de abril, maio, junho, julho, agosto e setembro, a cana colhida teve menor rendimento em todo o Centro-Sul. Apenas a partir de outubro, com o retorno das chuvas, é que a produtividade agrícola começou a se recuperar em relação ao último ano. Com isso, a safra 2021/22 terminará mais cedo que o usual, exatamente por conta da menor quantidade de cana para ser colhida.
“A produtividade agrícola da cana foi bastante afetada pelo clima adverso em 2021, e deverá levar pelo menos dois anos para chegar perto do seu potencial. Ainda por conta das intempéries, tivemos que colher muita cana precoce nesse ano, o que ajudou a reduzir o rendimento agrícola da planta”, disse o diretor-técnico da UNICA, Antônio Padua Rodrigues, em coletiva de imprensa no início de dezembro.
Em relação ao açúcar, dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) apontam que a produção de açúcar no país, estimada em 33,9 milhões de toneladas, teve uma redução de 17,8 por cento em relação ao produzido na temporada anterior. No acumulado dos primeiros sete meses da safra 2021/22, de abril a outubro deste ano, o Brasil exportou cerca de 16,9 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a uma redução de 17,9 por cento na comparação com igual período do ciclo anterior, influenciada pela queda da produção brasileira de cana na safra atual. Conforme a Conab, “a restrição da oferta interna e a antecipação da entressafra em algumas usinas da região Centro-Sul do país colaboram para o aumento do preço do açúcar no mercado doméstico e redução das exportações”.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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