São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quinta-feira inalteradas suas taxas de juros, com operações principais de refinanciamento em 2,15%, facilidade permanente de cedência de liquidez em 2,4% e facilidade permanente de depósito em 2%. A decisão foi unânime. “Nunca quero forçar demais o acordo geral na sala, mas tivemos uma decisão unânime do Conselho do BCE hoje de deixar todas as três taxas de juros inalteradas”, disse a presidente Christine Lagarde.
Durante coletiva de imprensa após a decisão, Lagarde destacou que a economia da zona do euro cresceu 0,7% no primeiro semestre do ano devido à demanda interna resiliente. “A economia cresceu 0,7% em termos acumulados no primeiro semestre do ano devido à resiliência da demanda interna”, afirmou. Ela alertou, porém, que tarifas mais altas, o euro mais forte e a concorrência global devem frear o crescimento até o fim do ano.
A presidente reforçou a importância de implementar recomendações do relatório de competitividade do ex-presidente do BCE Mario Draghi: “Continua sendo essencial dar continuidade às suas recomendações com mais ações concretas e acelerar a implementação em conformidade com o roteiro da Comissão Europeia”.
Sobre a inflação, Lagarde avaliou que o cenário é mais incerto que o habitual. “A perspectiva para a inflação continua mais incerta do que o normal como resultado do ambiente ainda volátil da política comercial global”, disse, e destacou: “O processo desinflacionário acabou”. Ela acrescentou que o BCE seguirá “uma abordagem baseada em dados, reunião por reunião, para determinar a postura apropriada da política monetária” e que “Não estamos nos comprometendo previamente com uma trajetória de taxa específica e, em qualquer caso, estamos prontos para ajustar todos os nossos instrumentos”.
Lagarde também comentou os riscos ao crescimento e à estabilidade financeira. “Os riscos ao crescimento econômico se tornaram mais equilibrados, enquanto acordos comerciais recentes reduziram a incerteza, uma nova piora nas relações comerciais pode prejudicar ainda mais as exportações e reduzir o investimento e o consumo”, disse. Ela destacou ainda que “Uma deterioração no sentimento do mercado financeiro pode levar a condições de financiamento mais restritivas, maior aversão ao risco e crescimento mais fraco”.
Sobre a postura do BCE frente a dados econômicos e mercados, Lagarde afirmou: “Temos muita sorte até agora, e espero que continue assim, por termos dados cuja integridade não foi questionada” e que “Os títulos soberanos da zona do euro estão em ordem e funcionando sem problemas, com boa liquidez”.
Questionada sobre sua postura pessoal, ela disse: “Devo lembrá-los de que não sou nem agressivo nem tolerante. Sou coruja” e explicou que busca analisar amplamente os dados antes de tomar decisões: “Quero chegar às minhas conclusões depois de ouvir todos os colegas à mesa”.

