Porto Alegre, 6 de janeiro de 2023 – O mercado brasileiro de trigo teve uma primeira semana de janeiro em clima de calmaria após o recesso de fim de ano. Até a quarta-feira, os preços oscilaram pouco e foram apenas nominais, sem a realização de negócios.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira, na quinta-feira houve movimentação de lotes pontuais. Ele espera uma maior movimentação a partir da segunda quinzena deste mês.
Por enquanto, a indústria segue bem abastecida, voltando das férias coletivas. Os estoques de boa parte dos moinhos são suficientes para até o final do mês, o que os deixa em posição confortável para negociar. Os vendedores, por sua vez, seguem retraídos, esperando por melhores oportunidades.
Conforme Oliveira, as cotações devem oscilar pouco até fevereiro. Como fatores de pressão baixista, aparecem a safra recorde no Brasil e a safra de verão. A partir do segundo trimestre os preços podem voltar a subir, considerando a escassez da oferta no Mercosul.
A quebra da produção na Argentina deve obrigar o Brasil a procurar trigo em outras origens. Os Estados Unidos seriam uma boa opção, mas também enfrentam problemas em sua safra. Assim, o trigo russo, que está mais barato e competitivo no momento, deve ter maior presença no mercado brasileiro.
Os agentes observam com preocupação outros dois fatores: o câmbio e os preços dos combustíveis. A alta do dólar em relação ao real deve encarecer as importações, que representam, aproximadamente, metade do que é processado pela indústria nacional. Já a elevação dos combustíveis deve provocar um aumento dos custos de frete.
Com a frustração de safra da Argentina e com problemas em outros importantes produtores, o Brasil, que é um tradicional importador, deve ter maior participação no cenário exportador global. No longo prazo, os bons preços devem favorecer novos aumentos da produção nacional, diminuindo a dependência por importações.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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