O FMI publicou hoje mais cedo a edição de outubro do World Economic Outlook (WEO), que traz perspectivas sobre a economia mundial. No documento, o organismo prevê que o crescimento econômico global deve desacelerar de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025 e 3,1% em 2026. Embora o cenário represente uma leve melhora em relação às previsões de julho, ainda está 0,2 ponto percentual abaixo das estimativas anteriores às mudanças de política registradas em outubro de 2024.
A desaceleração reflete o impacto da incerteza econômica e do protecionismo, apesar de o choque tarifário ter sido menor do que o previsto. As economias avançadas devem crescer cerca de 1,5% em 20252026, com os Estados Unidos desacelerando para 2%, enquanto os mercados emergentes devem manter expansão um pouco acima de 4%. A inflação global deve cair para 4,2% em 2025 e 3,7% em 2026, com níveis acima da meta nos EUA e mais moderados no restante do mundo.
O comércio global deve crescer 2,9% ao ano em 20252026, impulsionado por antecipações de exportações em 2025, mas ainda abaixo do ritmo de 3,5% registrado em 2024. O FMI alerta que a fragmentação comercial persistente está limitando os ganhos de produtividade e de crescimento. “As principais ameaças ao cenário incluem o prolongamento da incerteza política, o aumento das barreiras protecionistas, choques na oferta de trabalho e restrições migratórias em economias envelhecidas”, diz um trecho do relatório. O aumento dos custos de endividamento também pode pressionar países fiscalmente vulneráveis. Além disso, uma reprecificação abrupta de ações de tecnologia, caso os lucros com inteligência artificial decepcionem, poderia encerrar o atual ciclo de otimismo e afetar a estabilidade financeira global.
O FMI aponta outros riscos, que incluem pressões sobre a independência de instituições econômicas, como bancos centrais, o que poderia enfraquecer a credibilidade das políticas públicas. Choques climáticos e tensões geopolíticas podem provocar picos nos preços das commodities, afetando especialmente países de baixa renda dependentes de importações. Por outro lado, avanços em negociações comerciais e reformas estruturais renovadas poderiam impulsionar o crescimento no médio prazo, assim como ganhos de produtividade mais rápidos ligados à IA.
O FMI recomenda que os governos restaurem a confiança por meio de políticas previsíveis e sustentáveis, com regras claras de comércio internacional e maior cooperação multilateral. “A reconstrução de reservas fiscais e a sustentabilidade da dívida são prioridades, assim como planos de consolidação orçamentária equilibrados, que combinem corte de gastos e aumento de receitas. As políticas monetárias devem buscar equilíbrio entre controle da inflação e estímulo ao crescimento, mantendo a independência dos bancos centrais para ancorar as expectativas de preços”, continua o documento.
O relatório destaca a importância de reformas estruturais para fortalecer a resiliência das economias emergentes e em desenvolvimento, incluindo incentivos à mobilidade e participação da força de trabalho, investimentos em digitalização e melhoria institucional. O FMI sugere que políticas industriais podem ter um papel positivo, desde que seus custos e compensações sejam devidamente avaliados. O Fundo conclui que, em tempos de incerteza, “planejamento de cenários e respostas pré-definidas podem fortalecer a credibilidade e a eficácia das políticas públicas”.
A instituição também revisou para cima o crescimento dos PIBs do Japão, para 1,1%; do Reino Unido, para 1,3%; da Alemanha, para 0,2%, e do Brasil, para 2,4%. Já para a China, a previsão se mantém a mesma, e ficará em 4,8%.
Já para 2026, o crescimento do PIB mundial se manteve em 3,1%, o das economias avançadas em 1,6%, da Alemanha, em 0,9%; dos EUA subiu em 0,1%, para 2,1%; do Japão, subiu em 0,1%, para 0,6% do Reino Unido caiu em 0,1%, para 1,3%; do Brasil caiu em 0,2%, para 1,9%; e da China se manteve em 4,2%.

