Porto Alegre, 28 de outubro de 2022 – A volatilidade e a queda na ICE US ao longo desta semana acabou refletindo nos preços internos do algodão. Segundo a SAFRAS Consultoria, o mercado doméstico chegou a se descolar das bolsas internacionais em um dado momento, com a indústria local diminuindo o seu ritmo e trabalhando da mão para boca.
O produtor tentou posicionar seu algodão, mas encontrou pouco interesse da demanda por suas bases. No fechamento da semana, as cotações acabaram caindo e nesta quinta-feira (27) a pluma de algodão colocada na indústria de São Paulo sem ICMS fechou a R$ 4,90 por libra-peso, contra R$ 5,10 por libra-peso da semana anterior, correspondendo a uma desvalorização de 3,92%. Em relação a igual período do mês passado, as perdas foram de 15,08%.
O mês foi de muitas sequências de baixas. Com o cenário macroeconômico mundial ruim e temores de recessão, a pluma sentiu o impacto. Isto porque o consumo do algodão está muito associado ao desempenho da economia. Outro fator de pressão foram as baixas nos preços do petróleo, tornando as fibras sintéticas mais competitivas do que as naturais.
De acordo com as estimativas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), para a safra 2022/23, é esperado um incremento de 14,60% na produção nacional de pluma, atingindo 2,92 milhões de toneladas, puxado pelos estados de Mato Grosso e Bahia, que elevaram as áreas destinadas ao algodão, devido à valorização no preço da fibra.
Diante disso, e considerando o volume que será importado (2,00 mil toneladas) e o estoque de passagem (1,34 milhão de toneladas), a oferta ficou em 4,26 milhões de toneladas para o ciclo futuro, 8,10% superior ao do ciclo atual.
Com a maior oferta, o volume exportado aumentou 4,11% ante a projeção da safra 2021/22, ficando em 1,98 milhão de toneladas. A menor produção dos EUA (principal exportador mundial da fibra) também contribuiu para esse cenário, uma vez que a demanda pela pluma brasileira tende a se intensificar. Em relação ao consumo nacional, é esperada uma elevação de 2,13% na safra 2022/23 ante a 2021/22, pautada pela expectativa de melhora na economia do país.
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Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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