Porto Alegre, 26 de julho de 2024 – Na última semana, o mercado de feijão carioca apresentou um volume de transações dentro da normalidade no início da semana, com uma presença razoável de compradores. Segundo o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o aumento gradual dos lotes de melhor qualidade, nota 8,5 para cima, foi notável com o avanço das colheitas da terceira safra. As mercadorias de nota 7,5 e 8, disponíveis principalmente como remanescentes do Paraná, também estão sendo ofertadas, com a maioria das ofertas vindo de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
“No decorrer da semana, a demanda enfraqueceu, refletindo a calmaria nas regiões produtoras, onde as colheitas da terceira safra continuam avançando. Corretores estão cientes de que a sugestão dos compradores é trabalhar com preços ainda menores, com propostas abaixo de R$ 280,00 para cultivares Agronorte/Dama extra (nota 9,5 ou superior) sendo mais aceitas, indicando uma pressão baixista significativa no mercado. Produtores estão optando por armazenar o produto na expectativa de condições mais favoráveis até o final do ano, tentando evitar vendas a preços deprimidos e aguardando uma potencial recuperação futura que depende fortemente de uma reação no consumo”, disse.
Na zona cerealista de São Paulo, particularmente na Bolsa do Brás, o cenário é de vendas travadas, com estoques aguardando escoamento difícil. A demanda enfraquecida sustenta um cenário baixista, com negócios na faixa de R$ 210,00 por saca no Noroeste de Minas Gerais e Goiás. “Vendedores estão comercializando apenas em casos de necessidade imediata de liquidez, enquanto outros aguardam condições mais favoráveis. Parte dos estoques está sendo direcionada para armazéns dos produtores na expectativa de melhores oportunidades de venda. A expectativa é de retorno nas vendas nos próximos meses, especialmente no último quadrimestre do ano, período caracterizado por aumento na demanda no varejo, potencialmente recuperando as cotações”, analisou Oliveira.
Feijão preto
Já o feijão preto enfrentou um cenário complicado. “No início da semana, havia expectativa de melhores negócios ao longo dos dias, mas os grandes compradores, estando bem abastecidos, demonstraram pouco interesse em novas aquisições nos níveis atuais de preço. Assim como o feijão carioca, há uma necessidade urgente de reação na demanda dos consumidores para manter os níveis de preço atuais, que são sustentados pelo período de entressafra da variedade, evitando uma queda mais acentuada nas cotações”, observou.
Conforme Oliveira, apesar da falta de transações significativas, houve uma certa movimentação no mercado, com alguns compradores recolhendo amostras, o que pode indicar potenciais negociações ao longo do dia. Em Primavera do Leste, Mato Grosso, as indicações de preços estão na faixa de R$ 260,00 por saca, enquanto em Campo Mourão, Paraná, as cotações giram em torno de R$ 250,00 por saca. Mesmo com a pressão baixista existente, os valores ainda são incertos, pois as comercializações têm ocorrido de maneira muito pontual. As cotações na bolsa estão bem acima das cifras praticadas nas principais regiões produtoras.
Na zona cerealista de São Paulo, especificamente na Bolsa do Brás, o cenário é de vendas travadas, com estoques aguardando escoamento cada vez mais difícil. Esse cenário de baixa liquidez e incerteza nos preços reflete um mercado em ajuste, onde a oferta supera a demanda de maneira significativa. A semana foi marcada por uma paralisação quase total das operações, com preços sob forte pressão baixista resultante do elevado excedente de produção deste ano. A forte desvalorização do real frente à moeda americana continua a atuar como fator de sustentação, incentivando a demanda externa e arrefecendo as importações. Adicionalmente, o mercado tem pela frente um longo período de entressafra até a virada do ano, criando uma dependência dos estoques paranaenses e argentinos.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Safras News
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