Porto Alegre, 3 de outubro de 2024 – A forte demanda observada pelo setor carnes é um dos fatores que tem contribuído para sustentar os preços do milho no Brasil. Segundo o consultor de Safras & Mercado, Paulo Molinari, que participou há pouco do segundo dia do 8o Safras Agri Week, evento on-line e totalmente gratuito que está sendo realizado nessa semana, a manutenção dos preços do milho em bons patamares no Brasil leva em conta também o bom andamento das exportações e a forte demanda que está sendo percebida para o milho voltado a atender as usinas de produção de etanol.
Conforme Molinari, levando em conta o fato de que a safra brasileira de milho ser menor neste ano frente ao anterior, um embarque acumulado de 24 milhões de toneladas neste ano pode ser considerado bom. “Se o ritmo de embarques continuar aquecido, o país poderá chegar até o final do ano comercial com embarques de 40 milhões de toneladas, o que, de certo modo, traz um ambiente de preocupação com os estoques de passagem, que poderiam ficar em 7 milhões de toneladas”, comenta.
O consultor explica que a maior preocupação com relação aos estoques de passagem leva em conta que a área da safra de verão será muito pequena, com uma redução entre 20% a 25% no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Já em estados como São Paulo e Minas Gerais, ainda há uma incógnita com relação a área a ser cultivada no verão, tendo em vista que a entrega de insumos está atrasada e o plantio não pode ainda ser iniciado pela falta de chuvas. “Por todo esse cenário, estamos observando que o primeiro semestre do próximo ano tende a ser bastante ajustado entre a disponibilidade de milho e a demanda”, avalia.
Molinari ressalta que a demanda de milho no Brasil tende a ser cada vez mais crescente voltada a produção de etanol, uma vez que, em 2025, seis novas usinas de grande porte entrarão em operação no Brasil.
De modo geral, o consultor entende que, por conta da menor oferta de milho prevista para a primeira metade do ano, a safrinha 2025 deve ganhar peso no movimento especulativo de preços do cereal. “Certamente o próximo ano deve ser marcado por um cenário de mais emoção em termos de preço e de oferta de abastecimento para o milho”, sinaliza.
Para Molinari, diferentemente do que foi observado neste ano, com colheitas precoces da safrinha já a partir de maio, a entressafra em 2025 no milho tende a ser maior, com as primeiras colheitas somente acontecendo dentro de um período mais tradicional para a cultura, a partir do mês de julho.
Arno Baasch – arno@safras.com.br (Safras News)
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