Porto Alegre, 6 de outubro de 2025 – O indicador de preços composto (I-CIP) da Organização Internacional do Café (OIC) subiu 9,3% em setembro, para 324,62 centavos de dólar por libra-peso, na comparação com agosto (297,05 centavos).
Segundo destacou a OIC em seu relatório mensal de acompanhamento do mercado cafeeiro, na primeira quinzena de setembro de 2025, diversos eventos importantes exerceram pressão de alta sobre os preços, tais como:
* Preocupações com o fornecimento de café a longo prazo para os EUA, devido à incerteza em torno das tarifas de longo prazo sobre o café, à medida que os estoques da ICE começam a se esgotar no país. No entanto, em 8 de setembro, o governo dos EUA emitiu uma ordem executiva alterando as tarifas para “parceiros alinhados” que estabeleceram acordos comerciais com os EUA. A ordem reconhece que certos bens não podem ser suficientemente produzidos ou adquiridos internamente, com o foco mudando para itens que “não podem ser cultivados, minerados ou produzidos naturalmente” nos EUA ou que não estão disponíveis em quantidades adequadas para atender à demanda doméstica. O café, como uma das commodities que não pode ser produzido nos EUA em escala suficiente para atender à demanda doméstica, ainda não teve suas tarifas revisadas ou revogadas.
* A redução consistente dos estoques certificados, com baixa reposição. Essas ações são utilizadas como alternativa às importações de café, sinalizando que o mercado está começando a sentir o aperto, ou seja, um indicador de alta.
Por outro lado, na segunda quinzena de setembro de 2025, alguns outros eventos importantes pressionaram o mercado para baixo, com vários fatores-chave marcando um ponto de inflexão:
* A ICE Futures U.S. revisou para cima seus requisitos de margem para os contratos de Arábica em duas ocasiões: 15 e 17 de setembro. Um aumento nos requisitos de margem da bolsa força os investidores a aumentar seus depósitos em suas corretoras ou bolsa, a fim de cobrir o aumento do risco de crédito representado pelo detentor da posição para a corretora/bolsa. As implicações desses anúncios são o aumento dos custos de empréstimos, o que, por sua vez, pode pressionar as posições alavancadas. Ao aumentar o custo de financiamento, fica mais caro abrir novas posições e manter as existentes.
* Na Assembleia Geral das Nações Unidas, as negociações entre os EUA e o Brasil aumentaram as esperanças de uma melhora nas relações entre o maior produtor mundial de café e seu maior mercado de destino. Este desenvolvimento ajudou a estabilizar os preços, sinalizando otimismo em relação a uma distensão tarifária (atualmente em 50%).
* O Comissário da UE para o Meio Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular Competitiva expressou preocupação quanto à capacidade do sistema de TI do Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR) para lidar com o volume esperado de transações, daí a necessidade de considerar uma nova prorrogação de um ano antes da aplicação do Regulamento.
* Um corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Federal Reserve dos EUA em 17 de setembro sinalizou ao mercado que, apesar da incerteza quanto às perspectivas econômicas, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) estava preparado para reduzir os custos de empréstimos. Isso, portanto, teve um efeito negativo sobre os preços do café, uma vez que os participantes do mercado poderão acessar dinheiro mais barato para continuar suas operações comerciais.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Safras News
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