Porto Alegre, 16 de outubro de 2020 – O mercado brasileiro de trigo vai encerrando a semana com o registro de alta nas cotações do grão no país. O movimento, mesmo com o avanço da colheita, leva em conta o clima desfavorável na Argentina, que rebaixou a safra do país, a força do dólar no mercado internacional, que encarece as importações e a possibilidade de chuvas no Paraná e no Rio Grande do Sul, que pode comprometer a qualidade do grão durante a ceifa.
Além disso, outros importantes exportadores mundiais de trigo veem suas safras ameaçadas pela baixa umidade. Isso impulsionou os preços na Bolsa de Mercadorias de Chicago, referência no mercado internacional, aos maiores níveis em quase seis anos.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2020 de trigo no Paraná atinge 79% da área. Os trabalhos avançaram 6 pontos percentuais na semana e estão adiantados na comparação com os 76% em igual período do ano passado. Conforme o Deral, a situação das lavouras é melhor na comparação com a semana passada e com o mesmo momento da última safra.
Rio Grande do Sul
A colheita do trigo atinge 18% da área no Rio Grande do Sul. O avanço semanal foi de 16 pontos percentuais. Em igual período do ano passado, os trabalhos chegavam a 13%. A média dos últimos cinco anos é de 16%. Até o momento, 35% das lavouras estão em maturação, 43% em enchimento de grãos e 4% em floração. O desenvolvimento está em linha com a média dos últimos cinco anos.
Na maioria das regiões do estado, a semana foi caracterizada pela presença de dias com tempo firme, boa radiação solar e temperaturas características de primavera, com amplitudes térmicas diárias significativas que favoreceram o avanço dos trabalhos e o desenvolvimento do trigo.
Argentina
A colheita de trigo atinge 1,3% da área na Argentina. Segundo boletim semanal da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, cresceu, na última semana, o percentual de lavouras em déficit hídrico e em más condições.
Conforme o documento, 52% das lavouras estão em situação de regular a ruim. Na semana passada, eram 47%. Em igual período do ano passado, 30% da área estava nessa situação. As lavouras com condição de excelente a boa passaram de 13 para 9%. Nesta semana, 54% das lavouras estão em situação de déficit hídrico. Na semana passada, eram 47% e, no ano passado, 51%. A projeção de área fica em 6,5 milhões de hectares.
Indústria contra transgênicos
Nesta semana, a Associação Nacional da Indústria do Trigo (Abitrigo) e a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) se manifestaram contra a liberação comercial do trigo geneticamente modificado na Argentina. Conforme as entidades, a nova tecnologia favorece apenas um maior rendimento no campo, não representa melhorias na qualidade e ainda gera temores nos consumidores.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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