Porto Alegre, 30 de abril de 2020 – A volatilidade dos preços do trigo no Brasil é menor neste encerramento de abril, no comparativo com o mesmo período do mês anterior. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, apesar disso, as cotações mantém forte viés de alta, que só não se confirma devido à baixa liquidez interna.
“Nos próximos meses, a necessidade de compras por parte da indústria deve crescer. Ainda assim, os volumes ofertados seguem significativamente restritos tanto no Brasil quanto no Mercosul. Isso favorece a competitividade do grão brasileiro”, disse.
No mercado internacional, o cenário também é de elevação, com importantes países exportadores deixando o comércio internacional de lado, a fim de garantir seus respectivos abastecimentos internos, limitando a disponibilidade do cereal no mundo. Neste cenário, os países que ainda exportam têm um incremento de sua demanda, colaborando para recuperações mais representativas dos referenciais.
“O principal resultado disso já é indicado no Brasil, com aumento significativo dos preços dos derivados do trigo, que ficam entre 15% a 20% acima do praticado no mesmo período do ano anterior. Com isso, já é analisada a possibilidade de medidas governamentais que possam reduzir o impacto destas elevações, como por exemplo, a redução de tarifas, buscando minimizar os custos de produto da farinha”, comentou o analista.
Na última quarta-feira, a queda do dólar em relação ao real limitou o espaço para valorização do trigo no mercado brasileiro. Segundo o analista, a perda de competitividade do trigo doméstico frente ao importado ainda é pequena devido à acentuada elevação da taxa cambial no decorrer das últimas semanas, mantendo forte viés de alta sobre os preços.
“Caso o câmbio siga em baixa, o produtor, com custo de produção mais elevado, devido ao incremento dos custos dos insumos, deverá ter a seu favor justamente uma demanda mais forte pelo produto, que tende a sustentar cotações mais elevadas até o período da colheita da próxima safra, momento em que o mercado voltará a ter maior disponibilidade do cereal, possivelmente mais que compensando as eventuais quedas no câmbio, e a consequente perda de competitividade frente o produto importado”, analisou Pinheiro.
Dentro desta conjuntura, os países ofertantes no Mercosul já avaliam a possibilidade de incremento de área, com destaque para o Paraguai. Com a safra paraguaia antecipando a argentina, o país teria maior espaço para aproveitar a oportunidade de preços superiores, atraindo produtores a investir na cultura. No Brasil o sentimento é semelhante, já com indicações de área se não superior, semelhante a safra passada, porém, com significativo incremento da produção.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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