Porto Alegre, 11 de março de 2022 – O otimismo dos produtores em relação aos preços e à necessidade de recuperar as perdas da safra de verão no sul do país devem garantir um aumento expressivo da área plantada com trigo.
O primeiro levantamento de intenção de plantio realizado por SAFRAS & Mercado aponta um total de 3,638 milhões de hectares, o que corresponde a uma elevação de 33,4% em relação à anterior e é a segunda maior da história, sendo superada apenas pelas 3,909 milhões de hectares que foram cobertos com trigo na temporada 1986/1987.
“Seria a maior área plantada depois da desregulamentação do mercado pelo governo em 1990”, aponta o analista e consultor de SAFRAS, Élcio Bento.
O potencial de produção, em condições climáticas e de investimento em insumos dentro da normalidade, é estimado em 10,790 milhões de toneladas. Esse seria o maior volume já produzido, superando em 40% a safra passada.
Entre os fatores que podem limitar esse aumento da área, indica Bento, estão a possível falta de sementes, o aumento excessivo dos custos de produção e a escassez hídrica.
“A venda de sementes tem apresentado um ritmo bastante forte e em muitas regiões já não existe disponibilidade para as cultivares mais procuradas. Em relação ao custo de produção, a guerra na Ucrânia gerou incertezas em relação ao abastecimento global e elevou os preços. A disponibilidade dos insumos não deve ser um problema para a safra de inverno, porém, o custo será elevado. Em relação à escassez hídrica, a recente ocorrência de chuva em importantes regiões de produção trouxe alívio”, completou.
Mercado
A semana de baixas nas bolsas norte-americanas não foi suficiente para esfriar os preços no mercado doméstico de trigo. A interrupção da escalada de alta nos Estados Unidos fez com que os agentes do lado da compra se retraíssem. Os vendedores, contudo, seguem inflexíveis, tendo como argumento os níveis de paridade de importação, no Paraná, e de exportação, no Rio Grande do Sul. A avaliação é de SAFRAS & Mercado.
O trigo argentino atualmente chegaria à capital paranaense por volta de R$ 2.400/tonelada. Isso garantiria uma paridade no FOB interior em torno de R$ 2.325/tonelada. No âmbito doméstico, contudo, os compradores não pagam esse nível, devido à dificuldade de repasse desse preço para a farinha. Atualmente a indicação de compra no estado é de R$ 1.950/tonelada e a de venda a partir de R$ 2.050.
No Rio Grande do Sul foram reportados negócios para exportação por até R$ 2.100/tonelada, o que corresponde a cerca de R$ 1.990/tonelada no FOB interior. Também no mercado gaúcho os moinhos não têm conseguido pagar os patamares indicados no mercado externo. A indicação por esses últimos compradores fica próxima a R$ 1.900/tonelada. Vendedores não demonstram interesse abaixo de R$ 2.000/tonelada.
Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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