Porto Alegre, 30 de dezembro de 2021 – O mercado brasileiro de milho vai encerrando um ano de 2021 de preços altos e a tendência é de um 2022 de cotações bem sustentadas pelo menos até a entrada da safrinha. Externamente, o milho também deve ter um cenário de preços firmes na Bolsa de Chicago (CBOT), que baliza o mercado internacional.
Começando as perspectivas para 2022 pelo cenário internacional, pela Bolsa de Chicago (CBOT), segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, os custos de produção muito altos podem reduzir a área plantada com milho nos Estados Unidos. Isso poderia levar a uma produção menor e a natural suporte para alta nas cotações. O mercado também deverá passar pela especulação climática quanto à safra americana em 2022, que pode trazer sobressaltos na Bolsa de Chicago.
Ainda no mercado global, Molinari indica que o trigo com preços ainda muito altos tende a sustentar o milho, por concorrerem na utilização para ração animal. Outro aspecto de suporte aos preços do cereal, segue Molinari, é a firme demanda mundial e o petróleo em patamares elevados, o que sustenta os valores do etanol e a procura pelo milho (etanol de milho).
Voltando ao mercado brasileiro, o consultor destaca que a tendência é de preços altos com a oferta prejudicada na safra de verão com a quebra na produção, sobretudo no Sul (Rio Grande do Sul em especial), em função da falta de chuvas. “A quebra na safra de verão torna o abastecimento no primeiro semestre ajustado e tendendo a preços altos novamente”, prevê.
Por outro lado, Molinari observa que a safrinha terá uma ótima “janela”, tempo, de plantio, e tende à produção recorde em 2022. “E pode derrubar os preços para a paridade de exportação no segundo semestre”, avalia. Assim, a perspectiva é de um mercado com preços firmes no primeiro semestre, podendo avançar, até a entrada da safrinha.
Para Molinari, os riscos no mercado de milho para os preços, na Bolsa de Chicago e também no Brasil, estão no clima para a safra norte-americana e no câmbio.
SAFRA 2021/22
De acordo com estimativa de SAFRAS & Mercado, a produção de milho da safra de verão 2021/22 deverá atingir 22,556 milhões de toneladas. O volume ainda fica acima das 21,645 milhões de toneladas colhidas na primeira safra 2020/21, mas aquém das 25,725 milhões de toneladas indicadas no levantamento anterior, divulgado em novembro.
Paulo Molinari ressalta que houve uma revisão para baixo nos números em razão da estiagem que atinge a Região Sul do Brasil, especialmente os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em decorrência do fenômeno climático La Niña. “A safra do Rio Grande do Sul deverá ficar em 2,912 milhões de toneladas, 22,5% aquém ante as 3,762 milhões de toneladas registradas na safra verão 2020/21”, avalia.
A área plantada com milho na safra de verão 2021/22 do Centro-Sul do Brasil deverá ocupar 4,384 milhões de hectares, 0,7% acima da cultivada na temporada 2020/21, que ficou em 4,352 milhões de hectares. Não houve mudanças em relação ao levantamento anterior.
SAFRAS indica uma área a ser plantada com a safrinha 2021/22 0,4% menor frente aos 14,401 milhões de hectares cultivados em 2020/21, atingindo 14,345 milhões de hectares. Não houve mudanças em relação à área projetada em novembro. Com a produtividade média passando de 3.968 quilos por hectare para 5.695 quilos por hectare, Molinari estima que a produção da segunda safra 2021/22 poderá chegar a 81,697 milhões de toneladas. “Os dados divulgados hoje são similares aos projetados em novembro, indicando uma produção muito superior frente às 57,153 milhões de toneladas colhidas na segunda safra 2020/21” compara.
A área total de milho no Brasil deverá ocupar 21,049 milhões de hectares em 2021/22, sem mudanças ante novembro, apontando uma retração de 0,3% frente aos 21,108 milhões de hectares cultivados em 2020/21.
Molinari salienta que a produção total de milho na temporada 2021/22 deverá atingir 116,085 milhões de toneladas, inferior às 119,255 milhões de toneladas indicadas na estimativa anterior. “Mesmo com a revisão nos números, a produção deverá ser recorde, superando as 90,77 milhões de toneladas da safra 2020/21”, conclui.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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