Preços do feijão disparam com primeira safra 2023/24 prejudicada pelo clima

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Porto Alegre, 12 de janeiro de 2024 – No início da semana, o feijão carioca teve um movimento moderado, impulsionando um novo avanço nas cotações. As entradas totalizaram cerca de 23 mil sacas, encontrando compradores para pelo menos 8,5 mil delas. Segundo o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira, apesar da hesitação inicial dos compradores diante dos preços elevados, as vendas foram consideradas satisfatórias.

A média da saca do feijão carioca extra nota 9 na Bolsinha paulista encerrou a semana cotada a R$ 385, alta de 10% em relação à semana anterior. Em comparação ao mesmo período do mês passado, teve avanço de aproximadamente 11,59%.

“Posteriormente, a ausência de mercadoria extra direcionou a demanda para o feijão comercial. No meio da semana, novas entradas na bolsa foram registradas, somando-se aos produtos remanescentes”, relatou o analista.

O feijão carioca extra nota 9,5 manteve-se firme devido à escassez, enquanto os demais segmentos enfrentaram um mercado travado com preços estáveis. O forte reajuste na segunda-feira impactou negativamente as vendas, com relatos de interrupção nas transações.

Clima adverso

Segundo o analista, o início do plantio da primeira safra ocorreu no último trimestre de 2023. Durante esse período, o estado do Paraná enfrentou desafios significativos, com um grande volume de chuvas resultando em inundações. As condições climáticas adversas, caracterizadas por excesso de chuvas e céu muito nublado, impactaram negativamente o plantio inicial no Paraná.

Em contraste, em outros estados como Minas Gerais, uma estiagem intensa e temperaturas elevadas causaram atrasos no plantio da primeira safra. Situação semelhante foi observada na Bahia, onde o início dos trabalhos de plantio foi prejudicado por uma estiagem persistente e temperaturas elevadas. O feijão foi uma das culturas mais afetadas, enfrentando uma variedade de contratempos climáticos, incluindo excesso de chuvas e granizo em São Paulo, além de estiagem severa em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia.

Oferta e demanda

De acordo com Oliveira, a semana encerrou com estabilidade, operando principalmente com as sobras do dia anterior. A oferta limitada não estimulou uma demanda expressiva, destacando-se o maior interesse pelo produto extra. As vendas ficaram abaixo das expectativas para o período, influenciadas pelo reajuste de preços no início da semana. A safra paranaense mostra uma redução progressiva nos volumes colhidos, com os preços compensando parcialmente as perdas.

Nas próximas semanas, a demanda, ainda que modesta, já é suficiente para uma valorização que seria de se esperar para o mês subsequente. O analista lembra que até agora os consumidores estão pagando preços correspondentes aos praticados nas fontes durante o mês de dezembro. Espera-se que comece um movimento maior nos empacotadores, e que se estenda com mais intensidade nos produtores.

Feijão preto

Oliveira destaca que no mercado de feijão preto a semana iniciou com uma quantidade razoável de amostras, acompanhada por uma elevação significativa nos preços. A oferta atingiu cerca de 2 mil sacas ao longo da semana, sendo que aproximadamente metade desse volume encontrou compradores na bolsa.

A média da saca do feijão preto extra na Bolsinha paulista fechou cotada a R$ 420, alta de 6,33% em relação à semana anterior e de 9,09% em relação ao mesmo período do mês passado. Já em comparação ao mesmo período do ano de 2023, houve um acréscimo de aproximadamente 31,25%. Na região de Sobradinho, no estado do Rio Grande do Sul, os preços variam entre R$ 310 e R$ 340 por saca. Enquanto na região de Chapecó, no estado de Santa Catarina, as cotações oscilam entre R$ 315 e R$ 345 por saca.

“No meio da semana, o mercado passou a operar com um volume ainda mais restrito de amostras, sem alterações nas cotações durante a madrugada. A incerteza sobre a disponibilidade futura e a crescente dependência das importações adicionam uma nota de cautela ao ambiente de negociações”, afirmou.

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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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