Preços do café voltam a disparar em NY, Londres e Brasil com preocupações com oferta

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Porto Alegre, 24 de maio de 2024 – A semana foi de altas nas cotações do café na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica e na Bolsa de Londres para o robusta, que balizam o mercado internacional. No Brasil, o mercado físico também apresentou cotações mais elevadas ao produtor, refletindo os ganhos externos.

Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, “o gatilho fundamental da alta são as preocupações com a safra do Vietnã e do Brasil, as duas principais origens mundiais”. No caso do Vietnã, as chuvas irregulares, especialmente na região central, continuam causando inquietação em relação ao desenvolvimento das lavouras no pós-florada. Já começam a aparecer as primeiras projeções, que reforçam o pessimismo produtivo, destaca Barabach. A Volcafé, por exemplo, projeta safra de café robusta 2024/25 no Vietnã em 24 milhões de sacas, o menor nível em 13 anos, diante dos danos irreversíveis causados pela seca.

Barabach ressalta que os ganhos no robusta influenciaram a alta no arábica em NY. Ele pondera que há uma expectativa de aumento na produção na Indonésia, com o adido do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projetando uma safra de 10,90 milhões de sacas, sendo 9,5 milhões de robusta e 1,4 milhão de arábica. Enquanto a produção de arábica deve se manter estável, a produção de robusta deve crescer 41,6%, ou em números absolutos, um aumento de 3,2 milhões de sacas, o que ajuda a compensar as perdas na safra do Vietnã, indica.

Quanto ao Brasil, o consultor observa que as primeiras avaliações sobre a safra iniciaram o debate não só sobre o tamanho da produção como também da qualidade da safra 2024. “A colheita de conilon brasileira está um pouco atrasada e apresentando um rendimento médio abaixo do esperado, o que potencializa correção no número de safra. Já a colheita de arábica indica um grão de café mais miúdo, o que preocupa em relação ao perfil da peneira da safra”, avalia. Ele adverte que é importante considerar que o começo da colheita não oferece a melhor amostra para o resultado. É necessário que a colheita avance mais para obter uma noção mais precisa sobre a realidade.

Outro fator relevante, destacado pelo consultor, é a aproximação da primeira massa de ar polar deste ano no Brasil, que deve baixar as temperaturas a partir do próximo fim de semana na região Sul, com o frio se estendendo também para São Paulo e Minas Gerais, especialmente o Sul de Minas. “Embora o risco de geada seja baixo por enquanto, a chegada da primeira massa de ar polar serve como um alerta para a temporada de frio que se aproxima. A transição para o fenômeno La Niña reforça esse risco, pois, com o clima mais seco, facilita a chegada da massa de ar polar às regiões produtoras de café do Brasil”, coloca.

Contrariando as expectativas, os preços do café em NY acabaram subindo, apesar da entrada de nova safra no mercado. “Contudo, é importante considerar que, além do atraso na colheita, a oferta atual de conilon está sendo destinada quase que integralmente para atender aos contratos de exportação. Portanto, esse café não está sendo ofertado nas praças de negociação, o que reforça a percepção de escassez no mercado”, comenta. Quanto ao arábica, a proporção da safra colhida até agora é bastante limitada. Espera-se que a oferta de café novo do Brasil comece a ter um impacto maior no mercado a partir de junho, prevê Barabach.

    No balanço semanal na Bolsa de Nova York, entre as quintas-feiras 16 e 23 de maio, os preços no contrato julho subiram 9,0%, passando de 197,90 para 215,65 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, no mesmo comparativo, o contrato julho subiu 11,7%.

    O mercado físico brasileiro de café acompanhou as bolsas. O produtor que aproveitou para vender mais em abril aproveitando as cotações, está mais relutante neste momento. Mas o comprador também está na defensiva, aguardando por maior volume da safra nova.

O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu nos últimos sete dias (até esta quinta-feira, 23) de R$ 1.120,00 para R$ 1.225,00 a saca na base de compra, alta de 9,4%. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, no mesmo comparativo, avançou de R$ 945,00 para R$ 1.050,00 a saca, elevação de 11,1%.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News

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