Porto Alegre, 07 de maio de 2021 – A semana voltou a ser de saltos nos preços do café nas bolsas de futuros internacionais e no mercado brasileiro. A apreensão com o clima para a safra brasileira de 2021 e de 2022, com falta de chuvas, e com o déficit na oferta contra a demanda global por conta disso fez as cotações dispararem.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), o café arábica superou a faixa de US$ 1,50 a libra-peso, chegando a mais de US$ 1,55 nessa quinta-feira (06 de maio). Chegaram ao patamar mais alto desde janeiro de 2017 (no gráfico de preço contínuo – primeira posição – em NY). Já os arábicas de boa qualidade no Brasil superaram a faixa de R$ 820,00 a saca.
Para o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o impulso positivo veio mesmo da falta de chuva em áreas de café do Brasil. Depois de um mês de abril bastante seco, a umidade não deve voltar às áreas produtoras ao longo das próximas duas semanas, pelo menos. A previsão é que retorne somente no final de maio. “A estiagem prolongada pode afetar a etapa final de granação do café da safra deste ano, haja visto que o 1º trimestre de 2021 foi de chuvas irregulares em algumas regiões produtoras. E isso pode resultar em quebra de renda (mais sacas de café em coco para uma saca de café beneficiado)”, indica.
Além disso, um longo período sem chuvas também pode debilitar a planta e comprometer o potencial da safra 2022. “Um cenário produtivo adverso, que leva a uma mudança para cima no patamar de preço do mercado. A alta no petróleo e a queda no dólar, especialmente frente ao real, também colabora com ganhos do café no mercado internacional”, comenta o consultor.
Barabach adverte que o cenário financeiro instável ainda pode trazer volatilidade aos preços do café em NY, mas é o “mercado de clima” que deve dar o tom daqui para frente. O foco é climático, deve resultar em subidas e descidas abruptas nos preços. “A falta de chuvas ajuda a inflar os preços do café. Mas basta a previsão de chuvas para o mercado começar a desmontar esta proteção climática. O mesmo se aplica à ‘temporada fria’, só que o foco mudando para a entrada de massas polares e seu risco para as lavouras de café”, conclui.
A expectativa de reaquecimento das economias com a vacinação contra a covid-19 e o crescimento do consumo é aspecto também altista para o café e outras commodities. Isso pode apertar ainda mais o quadro de oferta e demanda, já que espera-se um déficit na produção global contra o consumo em 2021/22.
No balanço dos últimos sete dias, entre a quinta-feira da semana passada (29 de abril) e esta quinta-feira (06 de maio), o café arábica em NY para julho subiu de 143,00 para 154,30 centavos de dólar por libra-peso, alta de 7,9%.
No Brasil, a queda do dólar comercial de 1,1% no balanço semanal entre as últimas quintas-feiras pouco afetou o mercado físico, já que a alta externa foi muito mais intensa. No mesmo balanço dos últimos sete dias, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais pulou de R$ 770,00 para R$ 820,00 a saca, elevação de 6,5%.
O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, subiu no balanço semanal de R$ 445,00 para R$ 465,00 a saca, valorização de 4,5%. O robusta na Bolsa de Londres no comparativo semanal avançou de US$ 1.452 para US$ 1.547 a tonelada, elevação de 6,5%.
Os produtores seguem dosando a oferta, e demonstram preocupação com vendas da safra 2021 por não terem certeza do tamanho da safra. Preferem vender o que detém ainda em estoque e negociar a safra futura 2022 em muitos casos. Aproveitam os repiques na bolsa para negociar um pouco mais. Mas também especulam com possíveis novas altas em função do clima desfavorável no Brasil, com falta de chuvas, e com a chegada do frio.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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