Porto Alegre, 03 de março de 2023 – O mês de fevereiro foi marcado por preços mais altos no mercado internacional do café. No Brasil, o mercado físico traduziu estes ganhos externos também em cotações mais altas para o arábica, embora o conilon tenha mostrado uma fraqueza por questões próprias de oferta e demanda.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica, que baliza a comercialização global, os preços bateram nos patamares mais elevados em 4 meses. O contrato maio superou a linha de US$ 1,90 a libra-peso e chegou no dia 22 à máxima de US$ 1,94.
Afora aspectos financeiros mundiais, como oscilações do dólar, do petróleo e outras commodities, além de bolsas de valores, que afetam o café, o mercado foi sustentado por fundamentos de curto prazo. O Brasil está na entressafra, e a oferta neste período é normalmente menor. Porém, os produtores estão este ano mais retraídos, segurando o café à espera de melhores preços.
Isso vem restringindo as exportações brasileiras, que ficaram em “apenas” 2,0 milhões de sacas para o grão verde em fevereiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. A média diária exportada foi de 113.337 sacas), com receita chegando a US$ 437,302 milhões (média diária de US$ 24,294 milhões), e preço médio de US$ 214,36 por saca. A receita média diária obtida com as exportações de café em grão em fevereiro foi 44,3% menor no comparativo com a média diária de fevereiro de 2022, que fora de US$ 43,588 milhões. Já o volume médio diário embarcado foi 38,0% menor que o de fevereiro de 2022, que tinha o registro de 182.702 sacas diárias de média. O preço médio, por sua vez, recuou 10,2%.
Além do Brasil, as indicações são de uma oferta limitada para o arábica também da Colômbia. Os embarques do Vietnã de robusta também mostraram declínio nos primeiros meses do ano, caindo 13% no primeiro bimestre contra o ano passado. Isso tudo sugere uma disponibilidade restrita de café nestes dois primeiros meses de 2023. Os estoques certificados da bolsa de NY seguem caindo, outro indício desse volume menor à disposição dos compradores.
É claro que adiante, com a entrada de uma grande safra brasileira, que é esperada, em que pesem as preocupações com chuvas excessivas em importantes regiões, há a perspectiva de preços sob pressão. Tanto que em NY o mercado segue “invertido”. Ou seja, os contratos mais distantes continuam com valores mais baixos que as posições mais próximas, sugerindo uma oferta apertada no curto prazo e a expectativa melhor para frente.
No balanço de fevereiro em NY, o contrato maio do arábica subiu de 181,70 ao final de janeiro para 186,30 centavos do último dia de fevereiro, acumulando alta de 2,5%. Houve correção ao final de fevereiro e que segue sendo vista neste início de março. Em Londres, o robusta para maio no mesmo comparativo subiu 3,0%.
No mercado físico brasileiro, fevereiro foi lento e com comercialização travada no Brasil. O ritmo de negócios só melhora em movimentos de alta nas bolsas, e ainda assim com o produtor dosando muito a oferta. O fluxo de vendas segue menor em relação a outros anos. No balanço de fevereiro, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu de R$ 1.120,00 para R$ 1.160,00 a saca, acumulando valorização de 3,6%. O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo recuou em fevereiro na base de compra 2,8%, terminando o mês em R$ 690,00 a saca.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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