Preços do café sobem e testam linha de US$ 1,90 em NY 

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     Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2023 – Em que pese o movimento de baixa da quinta-feira (23) e da manhã desta sexta-feira (24), com realização de lucros e ajustes técnicos, a semana foi positiva para as cotações internacionais do café. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica, os preços atingiram os patamares mais elevados em 4 meses, superaram a linha de US$ 1,90 a libra-peso e chegaram no dia 22 à máxima de US$ 1,94.  

     A oferta apertada no curto prazo, com entressafra no Brasil e retração dos vendedores no país, com exportações um pouco mais fracas, é fator fundamental altista. Ainda há um tempo significativo até a entrada da safra nova brasileira de arábica, a partir de maio, e isso acaba se refletindo na recuperação das cotações nas bolsas de futuros. 

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a bolsa de NY continua repercutindo aspectos de curto prazo, como as exportações fracas e os diferenciais muito firmes no Brasil. A alta nos preços de outras origens, como América Central e Colômbia também colabora com ganhos. “E o excesso de chuvas no Brasil, estoques certificados em queda em NY fecham o combo de estímulos de alta. O fato é que a sensação de aperto distorce a relação de preços e dá força para um realimento nas cotações do café na ICE US”, comenta. “A questão é se o movimento tem fôlego, uma vez, que se alimenta de impulsos corretivos de curto prazo e segue vulnerável a fluxos financeiros”, adverte.  

As chuvas excessivas no Sudeste brasileiro, atingindo a maior área produtora do país, geram temores porque os produtores não estão conseguindo fazer os tratos culturais adequados em muitas áreas. Também há apreensão com a qualidade desta safra com tanta umidade. Mas ainda é cedo para se falar em perdas produtivas. 

Em relação ao ritmo lento de vendas no Brasil, Barabach indica que o café brasileiro desde o final do ano passado já vinha buscando um descolamento positivo em relação ao referencial nova-iorquino, repercutindo a frustração de safra 2022 e a retranca dos vendedores. Ele observa que, no início de 2023, o diferencial de venda do café brasileiro no FOB porto já era positivo para as descrições do chamado grupo 1 – arábica de bebida boa e fina, o que não é muito usual.  

“Já a distância entre a ideia de compra e venda aumentou, dificultando o fechamento de negócios. O reflexo foi a queda no volume de embarques no último mês de janeiro. Mas, fica a dúvida se o aperto na oferta está mais ligado à postura retraída dos vendedores ou à carência efetiva de produto”, avalia. Muitos envolvidos, segue o consultor, falam que ainda há bastante café de produtor dentro dos armazéns. “Talvez, o comportamento dos vendedores frente à recente alta dos preços possa ajudar a responder esse questionamento”, reflete.  

No balanço da semana em NY, o contrato maio do arábica subiu de 180,25 para 189,70 centavos de dólar por libra-peso no comparativo dos fechamentos das quintas-feiras 16 e 23 de fevereiro, alta de 5,2%. Em Londres, o robusta para maio no mesmo comparativo subiu 4,3%. 

No mercado físico brasileiro, com o Carnaval e a postura naturalmente retraída da entressafra dos produtores, o ritmo seguiu moroso na comercialização. No balanço semanal entre 16 e 23 de fevereiro, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu de R$ 1.140,00 para R$ 1.150,00 a saca na base compradora. O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo ficou em R$ 695,00 a saca. 

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS 

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