Porto Alegre, 22 de agosto de 2025 – O mercado internacional do café teve mais uma semana de fortes altas nas cotações, puxadas pelos ganhos do arábica na Bolsa de Nova York e do robusta na Bolsa de Londres. As preocupações com a oferta no curto e médio prazo são evidentes, fazendo com que em NY os preços atinjam os patamares mais elevados em cerca de 3 meses, e em Londres algo próximo também desse período.
No robusta, a oferta limitada no curto prazo preocupa. Para o conilon/robusta o cenário é de disponibilidade restrita, com os produtores no Brasil segurando a oferta. Na Indonésia, as chuvas prejudicaram a colheita e ainda falta um tempo para a entrada da safra de robusta no Vietnã ao final do ano. O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, cita esse “gap” até a chegada da colheita no Vietnã como aspecto altista. O país colhe no último trimestre do ano.
Barabach comenta que no arábica uma série de fatores leva aos avanços. Ele inclui as recentes quedas nos estoques certificados, a troca de contratos (com o vencimento da posição setembro), a safra brasileira aquém das expectativas, as notícias de geadas no cerrado mineiro e retração das exportações do Brasil, entre outros aspectos. Destaca ainda, claro, o tarifaço do governo americano sobre as importações do Brasil.
O consultor observa que todos esses fatores estão alimentando o movimento altista, fazendo com que os vendedores nesse momento estejam mais retraídos e o comprador preocupado com a oferta. Com o tarifaço, os torrefadores americanos estão apertados em relação às aquisições e devem correr para buscar alternativas, pagando mais caro.
As exportações brasileiras de café ficaram no total em 2,733 milhões de sacas de 60 quilos em julho, primeiro mês do ano safra 2025/26. Houve queda de 27,6% nos embarques na comparação com o mesmo mês de 2024.
Assim, no balanço semanal em NY entre as quintas-feiras 14 e 21 de agosto, o contrato dezembro saltou de 318,70 (fechamento do dia 14) para 365,00 centavos de dólar por libra-peso (dia 21), acumulando uma valorização de 14,5%. Em Londres, o contrato novembro acumulou no mesmo período alta de 14,4%.
O mercado físico brasileiro de café vai refletindo o cenário de altas nas bolsas e o efetivo aperto na oferta junto aos produtores, que aguardam por maiores altas. E existe a efetiva perspectiva de que a safra brasileira deste ano, no arábica, vai se confirmar aquém das expectativas, com queda na renda.
No balanço semanal entre as quintas-feiras 14 e 21 de agosto, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu 15,8%, valendo nesta última quinta-feira R$ 2.270,00 a saca na base de compra. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, aumentou no intervalo 19,1%, passando de R$ 1.205,00 para R$ 1.435,00 a saca na base de compra.
Levantamento semanal de Safras & Mercado indica que, até 20 de agosto, 99% da safra 2025/26 já havia sido colhida. Isso representa um avanço de 2 pontos percentuais em relação à semana anterior. O percentual é ligeiramente superior ao registrado no mesmo período do ano passado (98%) e está acima da média dos últimos cinco anos (2020–2025), que é de 96% para esta época do ano.
A colheita do café canéfora (conilon/robusta) está encerrada, enquanto os trabalhos com o arábica alcançam 98% da produção, com avanço de 3 pontos percentuais em relação à semana anterior. O ritmo supera o registrado no mesmo período de 2024 (96%) e a média dos últimos cinco anos (94%).
O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, observa que os produtores continuam reportando resultados abaixo do esperado nesta segunda metade da colheita, apontando, entre outros fatores, queda de renda.
Lessandro Carvalho – lessandro@safras.com.br (Safras News)
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