Preços do café em queda rompem US$ 1,70 lb em NY e mercado busca fundo

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     Porto Alegre, 04 de novembro de 2022 – As cotações do café na Bolsa de Nova York seguiram apresentando movimentos baixistas ao longo dos últimos dias. Nesta sexta-feira, 04 de novembro, NY esboça uma boa recuperação. Mas, os preços chegaram a romper a linha de US$ 1,70 a libra-peso para a posição março/2023, atingindo os patamares mais baixos em 16 meses.

     As condições climáticas favoráveis no pós-florada no Brasil, trazendo boas perspectivas produtivas para 2023, são aspecto fundamental baixista. Além disso, o final do ano marca a chegada da safra de arábica da América Central e da Colômbia. Tudo isso traz uma visão melhor em torno da oferta. E na demanda, as preocupações com a recessão global trazem pessimismo em torno do consumo, fechando um quadro negativo para os preços.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado busca um “fundo”, se apoiando na oferta curta no disponível, com a queda nas exportações de Honduras e Costa Rica gerando alguma preocupação. Assim, NY recuperou a linha de US$ 1,70 a libra-peso nesta sexta-feira no momento da confecção dessa coluna, próximo ao meio dia no horário de Brasília.

     Para Barabach, continua pesando muito mais a cautela dos compradores, diante do cenário macroeconômico global de queda na atividade, juros mais altos e acomodação no consumo, especialmente na Europa e EUA. O bom fluxo de embarques do Brasil em outubro, que somou 3,3 milhões de sacas de café verde, segundo a Secex, serve como atenuante aos sinais de aperto no abastecimento. O volume embarcado pelo Brasil cresceu 11% em relação a igual período do ano passado. Nesse sentido, a posição março/2023 continua com dificuldade de sustentar ganhos em NY, diz o consultor.

     “E sem conseguir alterar o comportamento, o café apenas consolida as recentes perdas no mercado mundial. As floradas intensas e a mudança no padrão climático no Brasil, com chuvas voltando a normalidade no Sudeste do país ao longo da primavera e verão, fazem o mercado olhar muito mais para a folga projetada em 2023 do que para a carência em 2022”, avalia.

     As incertezas financeiras devem continuar trazendo volatilidade os preços externos do café, acredita o consultor. “E a pouca disponibilidade física algum suporte de curto prazo. Porém, a direção da curva de preços continua sendo dada pela expectativa da próxima safra brasileira. Em todo caso, parece que o ajuste mais expressivo já aconteceu. E agora mercado tende a buscar alguma acomodação, em linha com a confirmação de uma safra Brasileira 2023 cheia”, afirma.

     Mas, eventuais problemas no desenvolvimento da safra, que coloque em xeque o cenário de maior oferta futura, pode servir como suporte aos preços, adverte. “Por enquanto o quadro climático continua favorável ao desenvolvimento das lavouras, o que reforça a sinalização de baixa nos preços”, pondera.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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