Porto Alegre, 04 de agosto de 2023 – O mercado brasileiro de café teve uma semana de preços em elevação. A alta do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e do robusta em Londres nos últimos dias, além da valorização significativa do dólar em relação ao real, garantiu suporte às cotações no mercado doméstico.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que os diferenciais fracos no FOB exportação e a pressão com a chegada de café novo no mercado servem como contraponto aos fatores altistas, inibindo uma valorização mais expressiva. “A sensação é de uma presença maior de vendedores no mercado. Mas, na verdade, não há uma pressão do lado da venda tão grande e sim uma postura muito curta da demanda, diante de um comprador que continua cadenciando bastante o fluxo de compras, evitando carregar estoques”, avalia.
No Sul de Minas Gerais, o café arábica de bebida boa está em R$ 835,00 a saca e soma valorização de pouco mais de 1% entre o início de julho e o começo de agosto. Barabach observa que, apesar dos ganhos no último mês de julho, o café ainda acumula perdas de 16% ao longo do ano de 2023. No comparativo com igual período do ano passado a desvalorização é ainda maior, com bebida boa no Sul de Minas caindo nominalmente 34%.
Para o consultor, o mercado daqui para frente deve ficar mais vulnerável à volatilidade financeira, enquanto espera um novo ponto de inflexão fundamental. “Com a colheita se encaminhando para o final e o frio deixando de gerar temor entre produtores de café, o novo ponto de atenção fundamental deve ser mesmo as floradas da safra 2024 ao longo dos meses de setembro e outubro”, afirma. Em linhas gerais, ele observa, o preço do café de bebida boa no Sul de Minas (deflacionado) acompanha o movimento sazonal de mercado, seguindo ligeiramente abaixo da referência média de 5 anos. “O mercado busca um novo equilíbrio, depois dos fortes ajustes negativos dos últimos meses”, comenta.
A bebida fina no Cerrado mineiro e na Mogiana subiu mais R$ 10,00 e é indicada a R$ 885 a saca nesse início de agosto. Barabach indica que o mercado continua bem abaixo de um ano atrás, repercutindo a melhora no abastecimento mundial. “O café fino deve encontrar alguma sustentação diante da expectativa de uma melhora na procura por bebidas melhores, a partir da menor oferta de suave na Colômbia. Mas esse movimento de valorização relativa só tende a ganhar mais peso depois de superado o gargalo com a chegada da safra”, diz.
Já o café rio com 20% de catação da região das Matas de Minas subiu a R$ 735 a saca e continua ganhando valor relativo, avalia o consultor. “O fato é que a colheita, especialmente em Minas Gerais, vem acontecendo em clima predominante seco, o que limita a oferta de bebidas mais fracas e acaba influenciando positivamente o preço do café rio”, descreve. Além disso, o maior interesse da indústria de torrado e moído doméstica pela descrição também colabora com ganho relativo. “Já a previsão de aumento da umidade a partir da segunda quinzena de agosto em toda a região Sudeste do Brasil pode mexer com perfil da safra nessa reta final de trabalhos de colheita e secagem e ajudar a atenuar um pouco esse movimento de valorização das bebidas mais fracas”, adverte.
O conilon 7/8 em Colatina no Espírito Santo subiu para R$ 640,00 a saca nesse início de agosto. Apesar da alta, o mercado segue respeitando o intervalo estreito de atuação, que marca a oscilação do preço do conilon capixaba desde o início de julho, aborda Barabach. “O conilon acabou se afastando das máximas, pressionado pelo crescimento na oferta disponível frente o maior interesse dos vendedores. Os sinais de exaustão no movimento de alta do robusta em Londres serviu de gatilho para a maior presença de vendedores no mercado”, aponta. Já o aumento da concorrência interna, com a maior procura da indústria de torrado e moído local pelo arábica de bebida mais fraca, acabou acendendo o sinal de alerta, contribuindo também para o realinhamento negativo na curva de preço do conilon, conclui.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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