No arábica, a Bolsa de Nova York (ICE Futures US) sentiu mais os efeitos da chegada da safra brasileira, em que pese a colheita do conilon estar bem mais próxima. O clima favorável no momento foi citado como aspecto baixista, além do dólar firme em relação ao real, próximo da faixa de R$ 5,30. Para o robusta, uma oferta com vendas mais limitadas no momento do Vietnã e no Brasil com algumas restrições na disponibilidade de conilon, a semana foi mais positiva para os preços em Londres e também no nosso mercado físico.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a agitação financeira trouxe algo novo para o mercado que já vinha se preparando para a chegada da próxima safra brasileira. ”A turbulência no sistema bancário elevou a volatilidade dos mercados. O socorro dos Bancos Centrais e a decisão do Fed (banco central americano) em elevar em 0,25 ponto percentual a taxa de juros nos EUA, com autoridade monetária reforçando a mensagem de solidez e resiliência do sistema bancário norte-americano, foram destaque. A alta de 0,25 p.p já estava precificada, trazendo, por isso, pouco impacto e servindo muito mais para acalmar os ânimos”, comentou Barabach.
Em NY, Barabach diz que a posição maio/23, depois de ter se aproximado da linha de 170 cents e trabalhado acima de 180 cents, dá sinais de acomodação entre essas duas referências. “Os desdobramentos da decisão do Fed e as novidades do lado financeiro ainda podem trazer volatilidades de curto prazo. Porém, o foco fundamental, com força suficiente para quebrar essas linhas e dar intensidade a um movimento mais forte dos preços, está mais atrelado ao andamento da próxima safra brasileira”, avalia. Ele indica que, se vier uma safra cheia, como prometido, isso reforça o viés negativo. “Agora, qualquer sinal de perdas ou risco produtivo pode levar a correções”, comenta.
O consultor coloca que as chuvas devem atrapalhar um pouco o início da colheita de conilon em Rondônia, com trabalhos devendo ganhar mais corpo somente a partir de abril. Já o café arábica novo só deve começar a aparecer em maio. “Assim, a oferta disponível deve seguir curta por mais algum tempo, o que contrasta com a expectativa de melhora no abastecimento com a chegada da safra brasileira 2023”, aborda. E esse momento de transição entre as safras ajuda a manter o spread invertido na bolsa, e a diferença entre o mercado spot (maio/23) e a posição com safra nova brasileira (setembro/23) bastante elevado, adverte Barabach.
No balanço da semana em NY, o contrato maio do arábica caiu de 180,05 centavos de dólar por libra-peso para 174,30 centavos no comparativo dos fechamentos das quintas-feiras 16 e 23 de março, baixa de 3,2%. Mas, em Londres, o robusta para maio no mesmo comparativo avançou 1,0%.
No mercado físico brasileiro, no balanço semanal entre 16 e 23 de março, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais recuou de R$ 1.150,00 para R$ 1.100,00 a saca na base compradora, desvalorização de 4,3%. O dólar comercial ajudou a sustentar as cotações em reais no Brasil, tendo avançado na semana 1,0%. Apesar do recuo do arábica, Barabach afirma que o mercado físico interno segue próximo das máximas, encontrando sustentação nos diferenciais muito firmes em Santos, na volatilidade em NY e na melhora no dólar. “O mercado busca acomodação, depois do repique de alta”, afirma. “O fato de se sustentar próximo do topo é um bom sinal para o vendedor. Porém, esse comportamento tende a mudar frente à aproximação e à chegada da safra nova”, analisa.
O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo subiu de R$ 615,00 a saca para R$ 620,00 no balanço semanal, elevação de 0,8%.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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