Porto Alegre, 19 de novembro de 2021 – Na contramão do mercado internacional e do câmbio, os preços do arroz em casca no Brasil encerraram a terceira semana de novembro com retração de 1,15%. Na média do Rio Grande do Sul, referência nacional, a saca fechou cotada a R$ 64,47. Em Chicago, o contrato spot apresentou ganhos semanais próximos a 4%. No mesmo período, o dólar valorizou quase 2% sobre o real.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, esse comportamento dessas duas variáveis resultou num alargamento do spread entre as cotações do Brasil e o mercado internacional, tanto pela paridade de exportação quanto pela de importação. O contrato de março/22 (período de ingresso da safra brasileira) em Chicago – convertido para o padrão monetário brasileiro – é cotado por um valor 40% superior à média do Rio Grande do Sul. Pela paridade de importação, o produto paraguaio tem uma indicação na fronteira, mesmo que nominal, que supera a média gaúcha em 17%.
“Esse descolamento da realidade externa significa que a retração das cotações no Brasil é motivada por um excesso de oferta no país em plena entressafra. Isso vem ocorrendo porque os produtores adotaram uma postura diferente na atual temporada, decidindo postergar as vendas para aproveitar preços mais atrativos na entressafra”, disse.
Apesar da recente retomada das exportações, o acumulado no ano comercial é de 856 mil toneladas, um volume 44,5% inferior do mesmo período do ano passado. Com quase 690 mil toneladas a menos exportadas e com uma safra cerca de 550 mil toneladas maior que a anterior, a disponibilidade interna se elevou em 1,24 milhão de toneladas. “Como a comercialização está atrasada, existe uma tranquilidade por parte dos compradores para os últimos meses da temporada”, finalizou o analista.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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