Porto Alegre, 29 de janeiro de 2021 – O mercado internacional de açúcar chega ao final de janeiro com cotações pressionadas pelas indicações de ampla oferta global, especialmente com crescimentos de produção esperados no Brasil e na Índia. No mercado brasileiro, os preços se sustentam mais nesse final de mês, por conta da entressafra e das altas do dólar.
Na Bolsa de NY, que baliza as cotações no mundo, o mercado teve altos e baixos ao longo do mês. A primeira metade de janeiro foi de avanços. Entre outras razões, o mercado foi puxado pela crescente preocupação com um possível aperto na oferta de curto prazo, após safras ruins na Tailândia e na União Europeia, enquanto a principal região produtora do Brasil está na entressafra. O preço mais alto em janeiro para o contrato março foi alcançado em 14 de janeiro, quando na máxima daquele pregão a cotação bateu em 16,75 centavos de dólar por libra-peso.
A partir daí as cotações iniciaram um processo de descida. O contrato março fechou a quinta-feira (28 de janeiro) a 15,59 centavos de dólar por libra-peso. Ainda assim, no balanço de janeiro até este dia 28 o contrato março acumulou uma leve alta de 0,6%, já que fechara dezembro a 15,49 centavos.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, em NY houve a reafirmação do cenário fundamental, que levou a baixa nos preços internacionais da commodity, negociada tanto em Londres quanto em Nova York. “A entrada de uma safra volumosa na Índia, na faixa de 35 milhões de toneladas e o desenvolvimento e uma entressafra chuvosa no Centro-Sul do Brasil são os pivôs para movimentos de baixa sobre Março/21 em Nova York”, comenta. O clima é favorável no Brasil e a Índia está em período de entrada de safra. Segundo SAFRAS & Mercado, a produção na Índia deve subir, assim, de 27 para 35 milhões de toneladas, um aumento de cerca de 29,6%.
Muruci destaca que este contrato conta ainda com a pressão de rolagem de posições da primeira para a segunda tela diante da proximidade de expiração do vencimento Março/21, que deve ceder lugar na posição de contrato driver da bolsa para o ativo Maio/21. “A entressafra chuvosa no Centro-Sul do Brasil deve elevar a oferta local de açúcar para 40 milhões de toneladas, com exportações previstas em 34 milhões, das quais 22 milhões já estão vendidas”, avalia. SAFRAS trabalha com um aumento na produção total do Brasil estimado de 10,6%, de 39,3 para 43,5 milhões de toneladas,
No mercado físico brasileiro, o açúcar cristal com até 150 Icumsa se sustenta amparado na entressafra e na expectativa de uma próxima temporada altamente concentrada à produção de VHP e de etanol hidratado. O dólar comercial no balanço de janeiro até esta quinta-feira, 28, subiu 4,8%, passando de R$ 5,189 para R$ 5,436, o que contribuiu para o suporte às cotações do açúcar. Em Ribeirão Preto, São Paulo, a saca termina o mês cotada em R$ 107,00.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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