Porto Alegre, 26 de março de 2024 – Na palestra de abertura da 7a edição do Safras Agri Week, evento on line e gratuito que está ocorrendo nesta semana, entre os dias 26 e 28 de março, o analista e consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, destacou que o mercado brasileiro de soja segue trabalhando com um cenário de depreciação nos preços. “Esse movimento já foi observado ao longo do ano passado, muito embora haja uma perspectiva de recuperação, especialmente a partir do segundo semestre”. Segundo ele, o “fundo do poço” em termos de preço já foi atingido.
Gutierrez dIsse que uma grande discussão em voga no momento está no real tamanho da safra brasileira de soja. O mais recente número de Safras & Mercado, que já contempla as perdas registradas em vários estados, aponta uma produção de 148,6 milhões de toneladas, abaixo do potencial inicial previsto, acima de 160 milhões de toneladas. “A baixa umidade no centro-norte do Brasil nos meses de outubro, novembro e dezembro foi um destaque negativo, comprometendo a produção, especialmente no Mato Grosso. Como ponto positivo da safra é possível apontar a recuperação da produção no Rio Grande do Sul”, analisa.
O consultor acredita que não deve haver uma perda ainda maior na produção brasileira de soja, haja vista que a colheita já está próxima de 70% no Brasil. “Há inclusive números interessantes na região do Matopiba, onde a produtividade pode surpreender positivamente”, informa.
Comercialização da safra brasileira de soja está muito lenta
Além do cenário de boa oferta global, outro fato que ajuda a explicar o ambiente de preços baixos no Brasil é o ritmo de comercialização da safra, que se mostra atrasado, atingindo pouco mais de 36% até o dia 8 de março. “Quando o produtor segura a venda de soja e começa a negociá-la no momento da colheita, isso acaba impedindo com que haja uma recuperação dos preços”, explica.
Nas exportações, por outro lado, o desempenho vem se mostrando bastante positivo no primeiro trimestre, com 26,8 milhões de toneladas de soja indicadas para embarques, segundo o line-up, a programação de embarques dos portos brasileiros. Para todo o ano,, Safras estima que as exportações devam ficar ao redor de 94 milhões de toneladas, abaixo das 102 milhões de toneladas embarcadas em 2023. “Como teremos uma produção menor, deixando de colher entre 10 a 15 milhões de toneladas de soja, não haverá tanta oferta para atender a indústria esmagadora e a demanda externa”, justifica.
Para o farelo de soja, o analista Gabriel Viana sinaliza que o mercado tende a ser mais fraco no Brasil nesse ano, seja pela maior oferta interna, seja pelo menor potencial de exportação, por conta da maior concorrência com a Argentina, que está recuperando seu potencial produtivo. Para o óleo de soja, por outro lado, há uma perspectiva de recuperação nos preços e na demanda, diante do maior esmagamento voltado a produção de biodiesel B14.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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