Porto Alegre, 14 de junho de 2024 – O mercado brasileiro de trigo segue com reduzido volume de negócios. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, os moinhos compram apenas para atender necessidades imediatas.
“A volatilidade dos preços internacionais e do câmbio torna arriscado qualquer movimento mais contundente de compra. Os produtores estão com as atenções voltadas para o campo e, sabendo da escassez de oferta interna e do longo período de entressafra, seguem pouco flexíveis em suas pedidas”, disse.
Nova estimativa de Safras & Mercado
Nesta semana, Safras & Mercado reajustou sua estimativa para a área plantada com trigo no Brasil. A superfície deve somar 2,995 milhões de hectares, 11,5% inferior aos 3,384 milhões de hectares semeados no ano passado.
Os dois maiores estados produtores, Paraná e Rio Grande do Sul, são os principais responsáveis pela redução na área. Os paranaenses devem plantar 1,15 milhão de hectares, 14,2% a menos do que em 2023. A superfície gaúcha deve somar 1,27 milhão de hectares, queda de 12,4% ano a ano.
Apesar do corte de área, a produção brasileira deve crescer em 2024 graças a um aumento na produtividade. No ano passado, a safra foi prejudicada por chuvas na época da colheita, que resultaram num rendimento médio de 2.530 quilos por hectare. Neste ano, a projeção de Safras & Mercado é de 3.015 quilos por hectare.
Assim, a safra nacional totalizaria 9,03 milhões de toneladas, 5,5% acima das 8,56 milhões do ano passado. O Paraná deve colher 3,75 milhões de toneladas, 2,7% acima do ano passado. O Rio Grande do Sul fica logo atrás, com 3,6 milhões de toneladas projetadas, um aumento de 14,3% ano a ano.
Conab
Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), o plantio de trigo avançou para 46,8% da área estimada para a temporada 2023/24 nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total). Os dados são de levantamento semanal, com dados recolhidos até 9 de junho. Na semana anterior, a semeadura estava em 35,8%. Em igual período do ano passado, o número era de 46,9%.
A produção brasileira de trigo em 2024 deverá ficar em 9,065 milhões de toneladas, segundo o 9o levantamento para a safra brasileira de grãos da Conab. No mês anterior, a previsão era de 9,08 milhões. Na comparação com a safra passada, a revisão indicou aumento de 12%. Em 2023, a safra ficou em 8,096 milhões de toneladas.
A Conab indica uma área plantada de 3,078 milhões de hectares, queda de 11,4% sobre a temporada anterior. A produtividade indicada pela Conab é de 2.945 quilos por hectare, alta de 26,3% sobre os 2.331 quilos obtidos no ano passado.
Neste levantamento, a safra gaúcha ainda não se iniciou, pois as condições climáticas não são favoráveis à semeadura. Por outro lado, a colheita iniciou nas lavouras de sequeiro de Goiás, e a semeadura chega próxima da metade das áreas tritícolas.
Deral/PR
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que o plantio da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 82% da área estimada de 1,117 milhão de hectares. Ela deve ficar 21% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Segundo o Deral, a safra 2023/24 de trigo do Paraná deve registrar uma produção de 3,713 milhões de toneladas, 2% acima das 3,645 milhões de toneladas colhidas na temporada 2023. A produtividade média é estimada em 3.323 quilos por hectare, acima dos 2.583 quilos por hectare registrados na temporada 2023.
Emater/RS
No Rio Grande do Sul, segundo a Emater/RS, as condições climáticas, observadas na última semana, favoreceram a intensificação da semeadura das lavouras de trigo. Anteriormente, essa atividade havia sido represada devido à concentração dos produtores na conclusão da safra de verão e às condições ambientais adversas (chuvas e excesso de umidade no solo), que limitavam a operação apenas nos terrenos mais secos.
Durante a semana, houve intensa movimentação de tratores e máquinas semeadoras, visando ampliar a extensão cultivada, considerada em atraso. Nas áreas implantadas mais precocemente, observa-se boa evolução das lavouras, embora algumas partes apresentem problemas no estande de plantas em razão da semeadura em solo excessivamente úmido, que causou o selamento dos sulcos pela passagem dos discos das semeadoras, agravado pela ausência de chuvas após essa operação.
A área cultivada na safra 2023 no Rio Grande do Sul foi de 1.505.807 hectares, e a produtividade foi de 1.751 kg/ha (IBGE). A Emater/RS-Ascar está realizando o levantamento de intenção de plantio para a safra 2024, que deverá ser apresentado nas próximas semanas.
Preliminarmente, a tendência observada é de pequena redução, comparativamente à safra anterior. A redução da área de plantio se justifica pelos baixos preços do cereal e pela frustração de produtividade na última safra.
Argentina
Levantamento semanal divulgado ontem pelo Ministério da Economia da Argentina, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca, indicou que o plantio de trigo da safra 2024/25 atingiu 39% da área total prevista de 6,151 milhões de hectares. Na semana anterior a semeadura estava em 21%. No mesmo período da safra anterior, o plantio atingia 36% dos 5,917 milhões de hectares cultivados na temporada 2023/24.
Segundo a Bolsa de Buenos Aires, o plantio de trigo atinge 46,3% da área na Argentina. Os trabalhos avançaram 20,6 pontos percentuais desde a semana passada e estão 7,3 pontos adiantados em relação ao ano passado. A superfície é projetada em 6,2 milhões de hectares. No ano passado, foram 5,9 milhões. Em número absolutos, já foram semeados 2,87 milhões de hectares.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Safras News
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