São Paulo, 23 de outubro de 2025 – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse, em apresentação durante fórum da CNT sobre descarbonização dos transportes, nesta quinta-feira (23), em Brasília (DF), disse que a companhia está preocupada com a transição energética e está retomando investimentos em combustíveis renováveis em prol deste objetivo.
“Estamos retomando investimentos em renováveis em prol da transição energética. Estamos ofertando produtos cada vez mais limpos”, disse a CEO da Petrobras. “Quando falamos de transição energética, queremos bem estar, e isso se reflete em consumo de energia cada vez maior.”
Magda disse que a Petrobras tem atualmente 31% de participação na oferta primária de energia no Brasil e que, considerando esses investimentos em transição energética, quer manter esse patamar até 2050. “Para isso, precisamos adicionar energia cada vez mais renovável e temos que crescer junto com o Brasil, e para chegar nisso, crescer 60% em duas décadas e meia e ofertar para o Brasil, pelo menos 10% do seu consumo de energia primária por fontes renováveis e é isso que vamos mostrar para vocês hoje aqui”.
“Não há bem estar social sem segurança energética. Segurança energética garante segurança alimentar. A cesta básica anda sobre rodas no Brasil. E para isso, estamos fazendo combustíveis cada vez mais renováveis”, disse a CEO.
Magda disse que a Petrobras tinha planos de investir em energia eólica offshore, mas houve uma decisão de sair dessas modalidades, e a empresa está retomando os investimentos em prol da transição energética. Mas, agora, o foco da empresa está nos combustíveis cada vez mais limpos e no fornecimento para grandes clientes, como os do agronegócio. “Isso não é novo. No início dos anos 80, a Petrobras foi o pilar do Próalcool, nos anos 2000, foi o pilar do biodiesel. mais recentemente, fez o primeiro projeto de eólica onshore do Brasil. Só que recentemente, houve uma decisão de sair dessas modalidades. E nós estamos então, retomando em prol da transição energética e de emissões. Nos últimos 10 anos, a Petrobras reduziu em 60% as emissões de CO2 em suas operações e em 60% suas emissões de metano.”
“Não somos contra a transição energética e estamos ofertando produtos cada vez mais limpos”, disse Magda.
Em relação às críticas em relação ao desempenho dos combustíveis com teor renovável, ela rebateu dizendo que há um incentivo governamental a essa produção e que muitos países estão utilizando. Ela respondeu a uma crítica da senadora Kátia Abreu, de que o biodiesel está entupindo os bicos injetores dos caminhões e aumentando os custos de manutenção. “Eu fui diretora-geral da ANP e incentivamos indústria a investir em biodiesel. Temos que respeitar quem investiu no País e respeitar contratos. Temos uma lei para chegar a 25% de conteúdo renovável”.
A presidente da Petrobras disse que a empresa ‘está pronta para chegar em 25%’ de conteúdo renovável. “Hoje, nós somos capazes de oferecer diesel com 10% de conteúdo vegetal, estável, tão perfeito em termos de estrutura, que a única forma de distinguir o novo do velho e fóssil, é só com teste de carbono 14. Esse diesel com 10% de conteúdo renovável será oferecido para a COP-30”, disse. “Ofertamos bunker com 24% de renovável para a COP30, mas as empresas de navegação preferiram por não optar por ele”.
Magda disse que o diesel coprocessado ainda não tem mandato por que o programa Combustível do Futuro excetuou o produto. “A gente acha que isso não é razoável e me arrisco a dizer que não é justo frente ao esforço da companhia em entregar um produto que é fruto de estudo e muita tecnologia embarcada.”
“Estamos prontos para oferecer produtos cada vez mais verdes ao mercado. Também estamos fazendo SAF (combustível renovável de aviação) e bunker de navegação, que vende muito em Singapura. Apesar do Brasil não reconhecer esse esforço, a Ásia nos paga muito bem por esse bunker com 24% de renovável”, disse a CEO.
Por fim, Magda Chambriard disse que a Petrobras está muito interessada em fornecer os produtos para as fronteiras agrícolas e que atualmente têm dois contratos na região de Matopiba, por meio de venda direta (B2B).
Na sequência, o diretor deLogística,ComercializaçãoeMercados da Petrobras, ClaudioSchlosser, disse que a estratégia da Petrobras para fornecer ao agro por meio de venda direta (B2B) é atuar no setor de transporte com uma ampla gama de produtos renováveis. O diretor mostrou pontos da estratégia comercial de fornecimento de diesel, por exemplo, que prevê preços mais competitivos em contraponto ao ambiente internacional bastante volátil, citando redução acumulada de 27,2% nos preços da Petrobras para as distribuidoras desde janeiro de 2023 e estabilidade de preços 404 dias de 27/12/2023 a 03/02/2025 (mais de um ano sem reajustes).
Schlosser disse que o consumo de combustível cresce mais na região centro-oeste e no Matopiba, que apresenta o dobro da demanda usual do país nos últimos 20 anos, ancorado pela demanda do agronegócio. “É essa região que nós temos o foco. E a estratégia da Petrobras é monetizar as reservas de petróleo através do mercado”.
O diretor avalia que a melhor opção para alcançar a transição energética justa no Brasil, com menor custo, é fornecer combustíveis com conteúdo renovável às regiões de maior produção agrícola. “Temos a alternativa de levar esse produto fóssil com conteúdo renovável para as regiões produtoras de grãos e trazer a matéria-prima para incorporar o conteúdo renovável, com o menor custo”, disse, mencionando o potencial para expansão da produção de biocombustível à base de etanol de milho, por exemplo. “A sinergia é absolutamente interessante e atendimento à sustentabilidade.”
Na apresentação, o diretor disse que teve crescimento de 106% em fornecimento de diesel B desde 2023 na região do Centro-Oeste por meio da abertura de polos. Atualmente, a empresa tem 9 pontos de venda distribuídos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste (Rondonópolis, Rio Verde, Uberlândia, Paulínia, Repar, Sen. Canedo, Regap, Guarulhos e Guaramirim), e venda direta para grandes clientes. “Só posso vender para quem tem PA maior que 15 metros cúbicos”, disse, em relação ao que é permitido pela legislação (a ANP permite apenas a venda para grandes consumidores definidos como pessoas físicas ou jurídicas com Ponto de Abastecimento-PA cadastrado e armazenamento de diesel superior a 15 m3, em geral, donos de frotas de caminhões, ônibus, empresas, fazendeiros etc.).
O executivo disse que a Petrobras já vendeu para Amazon, Atvos, Suzano, entre outras empresas, e disse que está conversando com a J&F.
Em relação ao retorno da Petrobras no segmento de fertilizantes, a Petrobras também vai atuar por meio de venda direta. Na apresentação, o diretor disse que os gerentes Leonardo Cardoso e Eduardo Ávila são os responsáveis pelos contatos nessa área.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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