Porto Alegre, 28 de junho de 2023 – O mercado de feijão está enfrentando um cenário desafiador, com mudanças significativas. “Nas últimas semanas, observou-se uma firme retração por parte dos compradores, resultando em negócios escassos”, explica o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira.
Enquanto o feijão carioca extra (9,5) tem se mantido estável, os demais padrões do produto vêm recuando semana após semana. “A falta de produtos extras disponíveis no mercado completa o cenário de lentidão”, pondera o consultor. As cotações das mercadorias mais fracas seguem pressionadas pelo avanço dos trabalhos de colheita e pelo aumento de oferta.
Por outro lado, os compradores de feijão preto têm sido surpreendidos pela escassez de grãos de qualidade inferior e mais acessíveis, o que indica um possível impacto nas cotações e uma baixa nos estoques.
Atualmente, o preço médio do feijão preto extra atingiu R$ 290,00 por saca, sendo esse o único padrão disponível no momento. “Os agentes estão atentos às condições climáticas no sul do país, especialmente ao volume de chuvas e aos riscos de leves geadas, que, embora com baixa probabilidade no momento, podem ter um impacto relevante no mercado”, frisa Oliveira.
“É importante destacar que o feijão preto enfrentará um déficit de oferta no segundo semestre de 2023, o que levou as cotações dessa variedade a ultrapassarem o valor do feijão carioca pela primeira vez desde meados de fevereiro do ano anterior”, relata o analista. Essa tendência pode migrar parte do consumo do feijão preto para o feijão carioca devido a questões de preço. Grande parte dos consumidores de feijão é consumidor de “preço”, lembra Oliveira.
Em relação ao quadro de oferta e demanda, estima-se que a produção brasileira de feijão totalize aproximadamente 2,82 milhões de toneladas na temporada 2022/23. A primeira safra está projetada em cerca de 877 mil toneladas, enquanto a segunda safra deve alcançar aproximadamente 1,27 milhão de toneladas. Já a terceira safra é estimada em cerca de 673,1 mil toneladas. Conforme dados da Conab, a produtividade média da temporada está estimada em 1.129 quilos por hectare, com ganho de 8% sobre a temporada anterior 2021/22, de 1.046 quilos por hectare.
Atualmente, a média da saca do feijão carioca extra nota 9 na Bolsinha paulista está cotada a R$ 275,00, registrando uma queda de 3,51% em relação à semana anterior. Em comparação ao mesmo período do mês passado, houve uma redução de aproximadamente 9,09%. Já em relação ao mesmo período de 2022, ocorreu uma diminuição de 22,54%. Na região de Laranjeiras do Sul, no Paraná, os preços atingiram a média de R$ 245,00 por saca, enquanto em Minas Gerais, negócios pontuais têm sido relatados entre R$ 250,00 e R$ 270,00 por saca.
Quanto ao feijão preto extra, a média da saca na Bolsinha paulista está cotada a R$ 295,00, registrando um aumento de 7,27% em relação à semana anterior e uma alta de aproximadamente 22,92% em comparação ao mesmo período do mês passado. Em relação ao mesmo período de 2022, houve um acréscimo de aproximadamente 15,69%. Na região de Cascavel, no Paraná, os preços atingiram a média de R$ 240,00 por saca, mas sem contrapartida de venda. Já na região de Canguçu, no Rio Grande do Sul, lotes pontuais têm sido comercializados na faixa de R$ 290,00 por saca.
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Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.comn.br) / Agência SAFRAS
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