Porto Alegre, 28 de agosto de 2020 – A paridade de exportação é o limite de alta para a cotação de algodão no Brasil. A afirmação foi feita há pouco pelo analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, durante a Live de SAFRAS desta sexta-feira no Instagram. “Atualmente, o nosso preço de exportação está em torno de US$ 0,60 por libra-peso, cerca de 6,5% mais acessível em relação ao contrato mais negociado em Nova York, que é de US$ 0,65”, explica. “Hoje, por exemplo, ainda há espaço para o valor interno subir 6%”, pondera.
Conforme o analista, uma conjuntura de fatores tem sustentado os preços do algodão. “Mas o principal ainda é o dólar, que mesmo com a forte queda de hoje, segue num ótimo patamar frente ao real”, ressalta. Às 15 horas, a moeda norte-americana caia 2,65%, cotada a R$ 5,42. “Já são 15 dias de alta dos preços internos da pluma”, lembra.
A retomada da indústria têxtil, que foi severamente castigada pela pandemia do novo coronavírus, com uma queda de 20% no consumo de algodão no primeiro semestre, é outro fator de suporte. “Vale lembrar que os estoques do Brasil ainda são maiores que o nosso consumo interno, que é estimado em 640 mil toneladas”, frisa Bento.
O grande desafio, na opinião do analista, é o Brasil seguir exportando bastante, pois o país deve ter um volume excedente de cerca de 2,3 milhões de toneladas. “No ano passado, exportamos 1,9 milhão de toneladas”, salienta. A safra 2019/20, que já tem mais de 80% colhida, vem caminhando para ser recorde, atingindo cerca de 2,9 milhões de toneladas.
Para a próxima safra, o Brasil deve experimentar uma redução de 4% na área a ser plantada. A primeira safra tem a concorrência da soja, cuja rentabilidade atual é de 126%. Para a segunda safra, tem a competitividade com o milho, que tem rentabilidade semelhante à pluma, mas um custo de produção três vezes menor. “Vale destacar que o produtor de algodão deve aproveitar uma rentabilidade de 30% para negociar”, completa Bento.
Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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