Porto Alegre, 28 de fevereiro de 2020 – Os preços internacionais do açúcar caíram em fevereiro, contaminados pelo pavor nos mercados globais de commodities e nos índices acionários com o avanço do coronavírus dentro e fora da China.
Os contratos com entrega em maio do açúcar bruto negociados em Nova York fecharam a sessão do dia 27 de fevereiro a 14,20 centavos de dólar por libra-peso, queda de 2,8% em relação à última cotação de janeiro (14,61 centavos de dólar por libra-peso no dia 31).
Ainda assim, os futuros do açúcar acumulam ganhos expressivos no ano, na casa de 6%, puxados pelo cenário de oferta global mais ajustado em 2019/20, com quedas expressivas na Índia e na Tailândia provocando o primeiro déficit de produção após três anos de excedentes.
Principalmente na última semana de fevereiro, o mercado futuro de açúcar intensificou as perdas, com os investidores muito preocupados com o alastramento do coronavírus.
Enfraquecido tecnicamente, os dois primeiros contratos romperam a linha dos 15 centavos de dólar por libra-peso, acionando vendas automáticas de fundos e especuladores (os chamados stops), e agora estão mais próximos da linha de 14 centavos, corroendo, assim, boa parte dos ganhos acumulados desde o início do ano.
Um dos principais efeitos da pandemia do coronavírus sobre as commodities é o enfraquecimento das cotações do petróleo, que afeta diretamente o mercado de açúcar, na medida em que com o óleo mais barato a produção de etanol é desestimulada em grandes players, como o Brasil e a Índia. O efeito prático é uma elevação na produção de açúcar nos dois maiores produtores mundiais da commodity. Acontece também com a pandemia uma desaceleração das compras de commodities por parte da China, e o gigante asiático é um dos grandes compradores globais, tanto de petróleo como de açúcar.
No caso específico do açúcar, é o segundo maior comprador global do adoçante, ficando atrás apenas da Indonésia.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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