Porto Alegre, 1 de abril de 2025 – A 30ª edição da Agrishow, feira internacional de tecnologia agrícola em Ribeirão Preto (SP), traz expectativas positivas para autoridades do setor de máquinas. Segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão, as vendas devem crescer de 8% a 10% este ano, podendo chegar a R$ 15 bilhões.
Após o evento, os negócios são trabalhados ao longo de 90 dias para viabilizar financiamentos e efetivar transações. A estimativa é de crescimento baseado em um levantamento junto aos fabricantes, excluindo setores como automóveis e aviação.
Na edição de 2024 foi registrado um recorde de R$ 13,608 bilhões em intenções de negócios para máquinas e implementos agrícolas. O aumento foi de 2,4% em relação a 2023, que alcançou R$ 13,29 bilhões.
O Governo Federal estimou aumento de 11% no valor bruto da produção agropecuária nacional, chegando a R$ 1,4 trilhão em 2024. Estevão acredita que isso deve ampliar os recursos para investimento e planejamento dos agricultores.
Além disso, as vendas de máquinas agrícolas tiveram alta constante nos últimos quatro meses em relação ao mesmo período de 2024. “O ano passado foi difícil devido à seca, mas agora, com uma boa safra e condições favoráveis para culturas como cana, café e laranja, o cenário regional deve impulsionar o desempenho da Agrishow”, afirmou.
Os 4Cs que irão impactar os rendimentos
De acordo com o presidente da Agrishow e vice-presidente do Conselho de Administração da Abimaq, João Carlos Marchesan, os negócios do setor são influenciados por quatro fatores principais: clima, câmbio, crédito e commodities. Ele apontou que os fatores climáticos, que dificultaram a produção no ano passado, trouxeram novos desafios em 2025, especialmente na região Sul.
“Nos últimos quatro anos, o Rio Grande do Sul enfrentou quatro problemas climáticos, com impactos também no Paraná. No entanto, o restante do país compensou, e espera-se uma supersafra, com 120 milhões de toneladas de milho e 170 milhões de toneladas de soja. A produção de arroz foi normalizada, e a de carne segue em crescimento”, afirmou.
Já o câmbio não apresenta grandes impactos negativos, e os preços das commodities, embora tenham caído, seguem em patamares aceitáveis. “O ganho do agricultor vem, sobretudo, da alta produtividade e da redução nos custos de insumos”, destacou.
Por outro lado, o crédito continua escasso. Marchesan indicou que o Plano Safra atual já esgotou seus recursos, restando apenas pequenos montantes não aplicados pelos bancos. Diante disso, o agricultor deverá investir majoritariamente com recursos próprios. O boletim Focus prevê aa taxa básica de juros (Selic) em 15% ao final de 2025. Segundo Marchesan, os bancos particulares operam com juros entre 18% e 20%, tornando inviável o financiamento agrícola.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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