Porto Alegre, 28 de novembro de 2025 – O mercado internacional do café teve um mês de novembro de ampla volatilidade, atento e repercutindo as notícias sobre as tarifas americanas e também sobre o clima para o Brasil e Vietnã. No balanço mensal, a Bolsa de Nova York para o arábica ainda teve desempenho positivo, até o fechamento do dia 26, enquanto Londres esteve próximo à estabilidade para o robusta (até o fechamento do dia 27).
Se a Bolsa de NY, que baliza a comercialização internacional, teve alta nas cotações quanto houve o tarifaço americano sobre as importações do Brasil, que dificultou o fluxo comercial entre o maior consumidor (Estados Unidos) e o maior produtor (Brasil), o fim das tarifas pressionou os preços. Como destacou o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o anúncio da retirada, por parte dos Estados Unidos, das tarifas adicionais de 40% sobre o café brasileiro, após uma longa negociação entre os dois países, trouxe alívio aos exportadores do Brasil e à indústria norte-americana. A decisão vale para produtos que ingressaram no país a partir de 13 de novembro. Na semana anterior, o governo Trump já havia eliminado a tarifa de importação de 10% aplicada a cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo o café. No caso brasileiro, restava apenas a tarifa extra de 40%, também suspensa.
A remoção total das tarifas, avaliou o consultor, devolve o mercado de café à normalidade, reduzindo a pressão de custos sobre a indústria norte-americana e restabelecendo o fluxo global dentro de sua lógica habitual. Nos EUA, as tarifas sobre o principal fornecedor encareciam a aquisição de matéria-prima e contribuíam para a alta da inflação. “Para o exportador brasileiro, a perda de competitividade no maior mercado consumidor abria espaço para outros fornecedores, podendo estimular mudanças nos blends e resultar em perda duradoura de participação. Além de exigir diferenciais mais fracos no FOB brasileiro para compensar a perda de participação nos EUA com o avanço em outros destinos”, observou Barabach.
O fim das tarifas teve impacto imediato sobre os preços nos terminais de Nova York e Londres, que recuaram forte na sexta-feira (21). Mas o mercado reagiu em NY nas duas sessões seguintes. A preocupação com as chuvas irregulares no Brasil com vistas à safra de 2026 ofereceu sustentação.
Já no Vietnã há temores com as indicações de chuvas em excesso em regiões produtoras, prejudicando a conclusão da colheita e podendo afetar a qualidade do robusta. Assim, enquanto o mercado se reacomoda com o fim do tarifaço, também lida com essas questões de apreensões com produção. O fato é que a oferta e estoques são limitados e qualquer problema produtivo no Brasil, Vietnã ou outra grande nação produtora tende a causar sobressaltos nos preços.
No balanço de novembro, na Bolsa de NY, o contrato março/2026 do café arábica acumulou valorização de 2%, subindo de 372,25 centavos de dólar por libra-peso no último dia de outubro para 379,70 centavos de dólar por libra-peso no fechamento de 26 de novembro (27 foi feriado de Ação de Graças). O robusta em Londres teve estabilidade para o contrato janeiro no comparativo entre o fechamento de 31 de outubro (US$ 4.540,00 a tonelada) e de 27 de novembro (US$ 4.539 a tonelada).
No mercado físico brasileiro de café, as cotações seguiram o comportamento das bolsas. Os produtores dosaram a oferta e os compradores também estiveram na defensiva diante de toda a volatilidade das bolsas.
O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais acumulou alta de 3,5% em novembro, subindo de R$ 2.260,00 a saca ao fim de outubro na base de compra para R$ 2.340,00 em 27 de novembro. No mesmo comparativo, o conilon, tipo 7, em Vitória/Espírito Santo, acumulou uma baixa de 0,7%, passando de R$ 1.390,00 a saca para R$ 1.380,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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