Porto Alegre, 29 de novembro de 2024 – O mercado brasileiro de boi gordo chega ao último dia útil de novembro e o cenário, ao longo do mês, foi de altas consistentes no preço da arroba. Para o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, as exportações foram o grande fundamento para esse movimento de valorização nos preços, com o Brasil enfileirando recordes de embarques ao longo do ano. “Neste cenário, as indústrias encontraram dificuldades na composição de suas escalas de abate e tiveram que pagar preços cada vez mais altos. As negociações atingiram o topo histórico neste mês em São Paulo e em Goiás”, afirma.
Chama a atenção, porém, a queda abrupta observada na B3 ao longo dessa semana, especialmente ontem (28), que pode ser atribuída a um movimento de realização de lucros, com a saída de algumas indústrias da compra de gado, somada a perspectiva de avanço da oferta, o que favoreceu um forte declínio nos preços. “Acredito que o mercado já venha a buscar uma correção a partir da próxima semana, pois a queda observada nos últimos dias foi muito abrupta, sem que houvesse fundamentos para isso. Mas, talvez,os frigoríficos já possam retornar ao mercado com uma intenção de compra em patamares mais baixos”, avalia.
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do País estavam assim no dia 28 de novembro:
* São Paulo (Capital) – R$ 360,00 a arroba, alta de 10,77% frente aos R$ 325,00 registrados no fechamento de outubro.
* Goiás (Goiânia) – R$ 355,00 a arroba, avanço de 12,7% perante os R$ 315,00 praticados no fechamento de outubro.
* Minas Gerais (Uberaba) – R$ 320,00 a arroba, aumento de 18,52% frente aos R$ 270,00 registrados no fechamento do mês retrasado.
* Mato Grosso do Sul (Dourados) – R$ 345,00 a arroba, valorização de 7,81% frente aos R$ 320,00 praticados no final do mês passado.
* Mato Grosso (Cuiabá) – R$ 330,00 a arroba, 8,06% acima dos R$ 310,00 registrados no encerramento de outubro.
* Rondônia (Vilhena) – R$ 310,00 a arroba, aumento de 3,33% em relação aos R$ 300,00 praticados no final do mês passado.
Para o mês de dezembro, Iglesias acredita que a expectativa é de que o mercado de boi gordo possa registrar um cenário um pouco mais acomodado nos preços, uma vez que houve um bom andamento das escalas de abate dos frigoríficos nessa semana, agora fechadas, em média, entre cinco a sete dias úteis. “Além disso, há uma expectativa de boa entrega de animais terminados em regime intensivo na primeira semana de dezembro, o que pode redundar em nova queda das indicações de compra”, detalha.
Atacado
O mercado atacadista registrou um movimento de ampla valorização para os cortes bovinos ao longo de novembro. Resta saber se o consumidor ainda terá fôlego para absorver patamares de preços bastante elevados sem que haja um declínio na demanda. Para Iglesias, as carnes de frango e suína podem vir a ser favorecidas, por ainda apresentarem preços inferiores aos praticados para a carne bovina.
O quarto do traseiro avançou 13,25% ao longo do mês, passando de R$ 23,40 o quilo para R$ 26,50 o quilo. O quarto do dianteiro subiu 10,81%, de R$ 18,50 para R$ 20,50.
Exportações
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 875,473 milhões em novembro (14 dias úteis), com média diária de US$ 62,533 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 179,991 mil toneladas, com média diária de 12,856 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.864,00.
Em relação a novembro de 2023, houve alta de 44,9% no valor médio diário da exportação, ganho de 36,8% na quantidade média diária exportada e avanço de 5,9% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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