Porto Alegre, 02 de dezembro de 2022 – O mercado internacional de café teve um mês de novembro de volatilidade e olhares e informações para o cenário financeiro global e para as condições da safra brasileira 2023. A Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional do arábica, oscilou bastante e encerrou o mês mostrando uma certa reação.
Em NY, o contrato março teve a máxima do mês no dia primeiro, em 177 centavos de dólar por libra-peso. A mínima foi de 154,05 centavos em 17 de novembro.
As indicações de um clima favorável às floradas, com continuidade de chuvas para o pegamento das floradas, no Brasil, que resultam na safra de 2023, pesaram sobre os preços em boa parte do mês. Por outro lado, a apreensão com a recessão global, com aumento de juros pelo mundo, pesou sobre os preços, trazendo um sentimento de que pode ser freado o aumento do consumo no café. O mercado segue muito atrelado ao cenário financeiro global. O quadro recessivo, a guerra entre Rússia-Ucrânia e ainda a covid (vide restrições na China) pressionam as commodities e mexem com o dólar contra outras moedas.
Porém, ainda sobre às floradas, ao final do mês o mercado foi tomado por indicações de que o pós-florada está desapontando, com queda de chumbinhos em muitas regiões, reflexo de longo déficit hídrico em regiões cafeeiras. E isso trouxe uma recuperação ao final de novembro.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado ao final do mês pegou carona nos ganhos do petróleo e nos sinais mais positivos vindos da China. “Os protestos contra a política de Covid zero na China foram bem recebidos no mercado, que acredita em um afrouxamento nas regras de combate a Covid-19, apesar do aumento do número de casos. Isso daria um pouco mais de fôlego à economia chinesa, trazendo uma leitura mais positiva para as commodities”, colocou.
O índice CRB subiu e influenciou também os preços do café. A bebida também repercute a queda no dólar, especialmente frente ao real, o que facilitou a recuperação de importantes suportes, apontou Barabach. “Essa melhora no ambiente financeiro serviu de gatilho para o café intensificar o movimento corretivo, corrigindo exageros e recuperando importantes linhas. É bom lembrar, que o mercado foi envolvido por uma forte pressão negativa, diante dos sinais positivos da próxima safra brasileira e do forte movimento de liquidação das posições compradas dos fundos, que derrubou a cotação do café arábica para próximo de 150 cents em NY”, coloca o consultor.
A atual dinâmica de alta é sustentada, em grande parte, pela melhora na cena financeira, diz Barabach. “No lado fundamental, o mercado repercute a correção negativa na produção de importantes origens na temporada 2022/23 feita pelos adidos do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Esses relatórios parciais antecipam um corte na produção, que reforçam a ideia de aperto na oferta na atual temporada”, reflete o consultor. Não à toa as posições mais curtas na ICE US voltaram a ganhar valor relativo, pondera.
O adido do USDA cortou a produção brasileira de 64,30 para 62,60 milhões de sacas. Já a produção colombiana caiu de 13,00 para 12,60 milhões de sacas. E a do Vietnã de 30,60 para 30,22 milhões de sacas.
O olhar do mercado não está mais em 2022/23, mas sim na temporada 2023/24, que começa a ser desenhada a partir das impressões em relação à safra brasileira 2023, avalia Barabach O impacto das floradas intensas, no último mês de outubro, e da mudança no padrão climático, com retorno das chuvas, criou um otimismo muito grande em relação à próxima safra brasileira. “E isso interferiu de forma decisiva sobre a curva de preço internacional de café. Já a divulgação de um documento por parte de agrônomos brasileiros alertando para problemas no pegamento das floradas, que colocariam em xeque o potencial da próxima safra, acabou ajudando a esfriar um os ânimos”, comenta.
No balanço de novembro na Bolsa de NY, o contrato do arábica para março caiu de 174,05 para 169,90 centavos de dólar por libra-peso, queda de 2,4%. Em Londres, o robusta para janeiro acumulou valorização de 1,8%.
No mercado físico brasileiro, a postura retraída dos produtores e a demanda garantiu suporte melhor aos preços. Os arábicas terminaram novembro sustentando a linha de R$ 1.000,00 a saca para os melhores cafés. O conilon sobretudo está sustentado pela demanda da indústria.
No balanço mensal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais avançou de R$ 1.000,00 a saca para R$ 1.010,00, alta de 1%. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, subiu de R$ 570,00 para R$ 595,00 a saca, elevação de 4,4%.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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