A japonesa Nippon Steel finalizou nesta quarta-feira (18) a aquisição da americana US Steel por US$ 14,9 bilhões, encerrando um processo de 18 meses marcado por disputas políticas. O acordo, que prevê o pagamento de US$ 55 por ação, concede poderes sem precedentes ao governo Trump, incluindo o direito de indicar um membro do conselho e uma “golden share” (ação dourada) que dá veto sobre decisões estratégicas da empresa.
Como parte do acordo de segurança nacional assinado com a administração Trump, o governo americano terá poder para barrar medidas como fechamento de fábricas, redução de capacidade produtiva ou transferência de empregos para o exterior. A golden share também impede mudanças na sede da US Steel em Pittsburgh e futuras aquisições de concorrentes. Analistas alertam que essas condições podem desencorajar investidores estrangeiros.
O CEO da Nippon Steel, Eiji Hashimoto, agradeceu publicamente a Trump pelo apoio, destacando o início de “um novo capítulo” para a US Steel. A aquisição permitirá à empresa japonesa, a quarta maior siderúrgica do mundo, acessar projetos de infraestrutura nos EUA enquanto concorrentes estrangeiros enfrentam tarifas de 50%. A capacidade produtiva combinada chegará a 86 milhões de toneladas de aço bruto por ano.
O caminho para o acordo foi turbulento. Tanto o então presidente Joe Biden quanto Trump se opuseram inicialmente à venda, buscando apoio eleitoral na Pensilvânia, estado crucial. Biden chegou a bloquear o negócio em janeiro, alegando riscos à segurança nacional, decisão que foi contestada judicialmente pelas empresas. Com a mudança de governo, Trump iniciou nova revisão em abril, mas suas declarações ambíguas, entre apoiar um “investimento” japonês e sugerir participação minoritária, criaram incertezas.

