Porto Alegre, de junho de 2024 – “Não éramos totalmente a favor do leilão de importação de arroz”. A afirmação foi feita pelo ex-Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller, em reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.
Conforme Geller, a sugestão inicial, em reunião na Casa Civil, foi retirar a TEC (Tarifa Externa Comum) de 12% para importação de fora do Mercosul, para a chegada de mais oferta do cereal. “Já tínhamos 83% de arroz colhido no Rio Grande do Sul (quando ocorreram as inundações) e boa parte dos 17% restantes podia ser recuperada. Não se sabia qual percentual tinha sido afetado”, pondera. “Fomos voto vencido no primeiro leilão de 100 mil toneladas, que acabou sendo cancelado”, lembra, acrescentando que depois se decidiu por uma operação de 300 mil toneladas beneficiadas.
Sobre irregularidades na operação, Geller ressalta que o leilão é público. “Só participa quem está credenciado com rigores claros, conforme edital da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)”, justifica Geller. “O preço era muito limitado, por isto, não teve participante para comprar as 300 mil toneladas”, pondera.
Para Antônio da Luz, economista chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a decisão de importação por parte do Governo Federal foi imprudente. “Se o governo trouxer 1 milhão de toneladas beneficiadas, que representam cerca de 40% a mais em volume base casca, os estoques brasileiros podem chegar a 3,5 milhões de toneladas (base casca). “Seriam os maiores da série histórica”, avalia.
Conforme o economista, a internalização de 1 milhão de toneladas geraria uma crise no setor. “O governo teria que salvar as empresas que ele mesmo quebrou”, acredita. Geller discorda do efeito do leilão na formação de preços no longo prazo. Segundo ele, o impacto se encerra após as operações de importação, pois o preço é globalizado. “O mundo consome 740 milhões de toneladas”, relata, explicando que o volume dos leilões seria pequeno perto desde montante.
De acordo com Geller, a inflação era puxada pelo arroz quando começou a ser discutida a importação. “É legítimo o governo ter preocupação com o preço”, sustenta. Sobre seu afastamento, o ex-secretário disse que não tem nada a esconder. “Fiquei chateado”, lamenta, complementando, porém, que é um direito do ministro da Agricultura Carlos Fávaro.
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Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência Safras News
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