Conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, enquanto o mercado cambial sentia os reflexos das incertezas políticas e da pandemia do Covid-19 e o algodão norte-americano engatava um movimento de recuperações frente ao forte tombo de março, no Brasil a fibra sentiu com maior intensidade a forte queda da demanda e começou a precificar um cenário de ampla oferta na próxima temporada. “O resultado desse comportamento foi que o algodão brasileiro elevou substancialmente sua competitividade no mercado internacional”, pondera.
No FOB exportação do porto de Santos/SP, a pluma chegou ao final do mês cotado a 50,51 centavos de dólar por libra-peso (c/lb), o que corresponde a uma queda de 11% em relação ao mesmo período do mês passado. Convertido em reais – para internalizar o comportamento cambial sobre os preços – no dia primeiro de abril o algodão brasileiro era cotado a R$ 2,94/libra-peso no FOB exportação de Santos/SP. No mesmo dia, o algodão norte-americano fechou indicado a R$ 2,55/libra-peso no contrato spot, ou seja, 13,3% inferior ao brasileiro. No encerramento do mês, enquanto o produto norte-americano era cotado a R$ 3,06/libra-peso (+20%), no FOB Santos havia recuado para R$ 2,74/libra-peso (-6%). Assim, a indicação em Nova York superava a do porto brasileiro em 12%.
“Esses números confirmam o aumento da competitividade externa do algodão brasileiro em relação ao do maior consumidor global”, frisa Bento. “Vale ressaltar que grande parte desse aumento de competitividade deve-se ao fator cambial”, acrescenta. Como essa é uma variável de alta volatilidade, os agentes têm aproveitado o momento para fixar negócios de safras futuras. “Esta parece uma estratégia acertada do lado da oferta, diante das incertezas que existem em relação à pandemia do novo coronavírus”, completa.
Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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