Porto Alegre, 21 de julho de 2023 – O mercado brasileiro de trigo teve mais uma semana de reportes pontuais de negócios no mercado doméstico de trigo. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, os moinhos reclamam da fraqueza dos preços da farinha; o produtor segue pouco flexível nas pedidas. O foco segue no plantio e no manejo das lavouras.
Conab
O plantio de trigo avançou para 93,6% da área estimada para a temporada 2022/23 nos sete principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 15 de julho. Na semana anterior, a semeadura estava em 91,5%. Em igual período do ano passado, o número era de 93,6% também.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que o plantio da safra 2023 de trigo do estado foi concluído na área estimada de 1,389 milhão de hectares, contra 1,237 milhão de hectares em 2022, alta de 12%.
Rio Grande do Sul
O plantio de trigo atinge 95% da área no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, na semana passada, eram 88%. Em igual momento do ano passado, 90%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 95%. A área cultivada na safra 2023 está estimada em 1.505.704 hectares, e a produtividade prevista é de 3.021 kg/ha.
Mar Negro
O destaque da semana foi o Mar Negro. O mercado acreditava ter precificado a saída da Rússia do corredor de grãos, uma vez que Moscou vinha fazendo ameaças há semanas e a expectativa era de uma certa normalidade no fornecimento pela região. O acirramento do conflito, no entanto, trouxe muita volatilidade aos preços, justamente num momento em que começavam a se acomodar.
Faz poucas semanas que o trigo em Chicago voltou a patamares pré-guerra. Os bombardeios russos à infraestruturas portuárias ucranianas e a troca de ameaças entre os dois países deixou os traders temerosos quanto à segurança do comércio de grãos pelo Mar Negro.
O analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, disse que, mesmo não trazendo riscos imediatos ao abastecimento global, neste momento de entrada de safra global, a guerra e seus desdobramentos seguem gerando volatilidade às cotações. O contrato setembro/23 tocou, na quinta-feira, a resistência de US$ 7,50 3/4 e cedeu. Nesta sexta, os preços estão em forte queda.
Os fundos investidores buscam um melhor posicionamento uma vez que estavam predominantemente vendidos, acreditando na queda dos preços com a pressão sazonal de oferta no Hemisfério Norte. Os bombardeios deflagraram um movimento de cobertura de posições, mas predomina a especulação. Analistas esperam ao menos três semanas de muita tensão e volatilidade.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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