Porto Alegre, 7 de abril de 2020 – Os efeitos do novo coronavírus no agronegócio foram o tema principal da reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desta segunda-feira (6/4). O encontro, realizado por videoconferência, do qual participaram cerca de 250 pessoas, contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, abriu a reunião lembrando aos conselheiros que começa a valer hoje a linha de crédito aberta pelo governo para financiar a folha de pagamento de empresas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano. “Nós já pedimos ao ministro da economia para que essa linha de financiamento se estenda a todas empresas”, disse Skaf. “Os bancos assumiram compromisso comigo de que já vão fazer esse repasse com recursos próprios antes mesmo do repasse do BNDES. Quem assumiu 85% desse risco foi o Tesouro Nacional, por essa razão haverá crédito sim.”
Tereza Cristina começou discorrendo sobre a necessidade de união e diálogo neste momento difícil e destacou que praticamente todas as medidas emergenciais já foram e tomadas para garantir o abastecimento de alimentos para a população. “Agora é preciso agir pontualmente. Isso é possível com todos os cuidados e profissionalismo que a agroindústria brasileira vem tendo com protocolos e cuidado de seus funcionários”, disse a ministra. “O agronegócio é importantíssimo porque a alimentação faz parte da saúde.”
Segundo a ministra, desde janeiro, quando o Ministério percebeu a gravidade da situação na China, foi montado um comitê de acompanhamento dos problemas externos e que poderiam surgir também no mercado interno. “Isso nos permitiu tomar algumas atitudes rápidas para que não houvesse interrupção do abastecimento, como a MP que o presidente baixou sobre os serviços essenciais”, explicou.
A questão do etanol, que vem sofrendo com a queda da demanda interna e problemas de disputa entre a Arábia Saudita e Rússia, também foi abordada pela ministra Teresa Cristina. Ela disse estar conversando com agentes do governo para viabilizar soluções para o setor sucroenergético. “Vocês são grandes empregadores. Acho que teremos rapidamente uma decisão sobre o que o governo vai fazer para diminuir as dificuldades que o setor passa, neste momento que a colheita começou”, disse.
A ministra também falou de outras cadeias produtivas. No caso da soja e do milho, a alta do dólar beneficia as exportações, mas encarece os insumos. Os hortifrúti, bem como a carne, estão sendo muito impactados porque há muita oferta. “O Ministério da Agricultura vem estudando todas essas cadeias produtivas para que a gente saiba onde atuar neste momento. Não tenho dúvidas de que teremos prejuízos, mas o setor agropecuário não será o mais afetado, como está sendo o comércio, turismo”, disse.
O Ministério da Agricultura está trabalhando também para postergar dívidas dos agricultores por 90 dias. “Estamos adiando as dívidas agrícolas do plano safra, crédito rural. O Ministério está finalizando isso nesta segunda-feira. Todos estão reclamando de liquidez, de capital de giro”, contou.
As relações internacionais também estão no radar do Ministério da Agricultura. Teresa Cristina contou que houve reuniões com todos os países vizinhos para harmonizar as ações de trânsito de cargas. “Continuamos trabalhando a parte internacional. Recebemos notícias de mercados que estão se abrindo, como o Egito, Marrocos, Singapura para em breve começarmos a exportar carnes. A balança comercial com a China e países continua positiva em relação ao último trimestre de 2019”, disse.
Tereza Cristina disse ainda que está trabalhando na retirada de burocracia para melhoria do ambiente de negócios neste momento. “Temos confiança de que vamos continuar cumprindo nossos contratos. Além disso, nós estamos estudando vários cenários do que pode acontecer no mundo pós coronavírus e gostaria da contribuição de todos para escrevermos um plano ‘pós guerra’”, finalizou.
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