Minerva diz que aquisições da Marfrig serão rapidamente integradas, sem comprometer alavancagem

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Porto Alegre, 29 de agosto de 2023 – A Minerva e sua controlada Athn Foods informaram ontem (28) que celebraram contratos com a Marfrig para alienar unidades de abate de bovinos e ovinos na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai por R$ 7,5 bilhões, sendo um sinal de R$ 1,5 bilhão já recebidos pela vendedora e o saldo de R$ 6 bilhões a ser pago no fechamento, com o compromisso de financiamento firme por parte do banco JP Morgan quanto ao montante relativo às parcelas remanescentes. Ao todo, são 16 plantas de abate (bovinos e ovinos) e um centro de distribuição.

A Minerva informou que deverá comprar e adquirir determinados estabelecimentos industriais e comerciais de propriedade da Marfrig localizados no Brasil, Argentina e Chile, ou seja, a “Operação América do Sul, enquanto a Athn Foods comprará as operações da empresa no Uruguai.

Ao final da operação, a Minerva passará a ter uma capacidade de abate de bovinos de 42.439 cabeças/dia, aumentando em 43,7% sua capacidade total, totalizando 40 plantas distribuídas no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. Em relação ao abate de ovinos, a capacidade da companhia passará a ser de 25.716 cabeças/dia, distribuídas em 5 plantas na Austrália e no Chile. Com isso, a Minerva passará a ser líder de exportação de bovinos na América do Sul.

Em teleconferência na manhã de hoje, o presidente da Minerva, Fernando Queiroz, e o diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Edison Ticle, disseram que a previsão para a conclusão da operação é de 12 meses, incluindo os processos antitruste e a aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Os executivos ressaltaram que as plantas adquiridas da Marfrig operam atualmente em níveis similares aos ativos da Minerva, e que as novas plantas entram no portfólio da companhia gerando um caixa livre de R$ 400 milhões. A companhia estima que a receita líquida com os novos ativos deve chegar a R$ 18 bilhões, e o Ebitda terá uma alta de R$ 1,5 bilhão

“Além de complementar de forma singular as operações na América do Sul, maximizando as oportunidades comerciais e sinergias operacionais, reduzindo riscos e ampliando assim a nossa capacidade de competir no mercado internacional de proteína animal, a operação também mantém nossa estrutura de capital saudável, onerando o mínimo possível a companhia”, destacou Ticle.

O presidente da companhia ressaltou que a compra dos ativos da Marfrig trará, entre outros benefícios, sinergias comerciais (especialmente exportações) e na estrutura de G&A, com potencial expansão de 150-200bps na margem Ebitda nos próximos 18 meses.

“Teremos maior eficiência na aquisição de matéria-prima e na operação logística, conseguiremos expandir nossa capilaridade de distribuição e ampliaremos consideravelmente nossos mercados internacionais. Nossa produção atual de 1,2 milhão de toneladas deve chegar a 2,6 milhões de toneladas, com impacto similar no nível de receita”, explicou Queiroz.

O diretor de Finanças e de Relações com Investidores explicou que a companhia está muito tranquila em relação ao endividamento e à alavancagem. Segundo Edison Ticle, a previsão é que a alavancagem volte para os patamares atuais, que está entre 2,5x e 2,7x, entre 12 e 18 meses.

A Guide Investimentos lembrou que a transação aumenta a capacidade de produção da Minerva em 40%, em locais onde a empresa já atua (Brasil, Argentina, Uruguai e Chile) e onde a captura de sinergias pode ser mais rápida. Do lado negativo, o valor da transação foi um pouco maior que os múltiplos de negociação da Minerva, o que pode ser mal-recebido. Além disso, o endividamento da empresa deve aumentar sensivelmente: de R$ 7,7 bi para R$ 15,2 bi, em um momento em que as margens estão comprimidas.

Para a Marfirg, a Guide afirmou que a transação é positiva, já que algumas plantas vendidas estavam sem utilização (paralisadas). Além disso, a Marfrig está tentando fortalecer sua marca e focar em produtos de maior valor agregado. A transação contribui para a redução do endividamento da empresa, atualmente em cerca de R$ 40 bilhões (4x o Ebitda dos últimos 12 meses). As informações são da Agência CMA.

Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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